O circuito de exposições “Poéticas da relação: uma errância enraizada” será inaugurado no Museu Victor Meirelles (Ibram/Secult/MTur) no dia 19 de outubro de 2022, às 19h, como uma ação vinculada ao 2º Encontro Internacional Pós-Colonial e Decolonial (EPD), que terá como tema central “Encruzilhadas históricas e culturais”. O projeto é promovido pelo AYA Laboratório de Estudos Pós-Coloniais e Decoloniais do Centro de Ciências Humanas e da Educação (FAED) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) em parceria com diversas instituições nacionais e internacionais. O evento tem como objetivo promover a produção, circulação e divulgação científica e cultural pós-colonial e decolonial, com ênfase nas temáticas africanas, afro-diaspóricas e indígenas.
Outros espaços também receberão o circuito – o Museu da Escola Catarinense (de novembro a início de fevereiro), a Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti (de novembro a dezembro) e o Memorial Meyer Filho (de novembro a dezembro). A coordenação curatorial é da Juliana Crispe (UDESC/MESC/Armazém Coletivo Elza), com as curadoras associadas Célia Antonacci (UDESC/NUDHA), Francela Carrera (UDESC/Artistas Latinas/Armazém Coletivo Elza) e Thainá Castro (Museologia UFSC/Armazém Coletivo Elza). O Museu Victor Meirelles receberá obras de arte dos artistas Eli Heil, Janga, Tercília dos Santos e Valda Costa.
O Circuito de Exposições “Poéticas da relação” lembra o pensamento de Eduardo Glissant ao dizer que o contato entre as culturas reflete no contemporâneo os efeitos da colonização e toda a identidade se desdobra numa relação com o outro. As subjetividades manifestadas a partir da arte indicam que a modernidade definida exclusivamente pela Europa imperialista encontra obstáculos e chegou a termo, abrindo espaço para protagonismos que foram esmagados e ocultados na história, reverberando no agora as contaminações das diferenças e reconhecendo os abismos postos sobre essas experiências. Rizomáticas, essas poéticas têm suas raízes em muitos territórios, crenças, sexualidades, usos do corpo, e se ramificam e crescem no encontro com outras superfícies, outras culturas, rituais, direito ao corpo, ao espaço social, educacional, cultura e político.
Uma Errância Enraizada, como diz Glissant, “é um infinito sempre possível. A ronda da voz é multiplicada no mundo”. Para aqueles que vieram antes de nós, que abriram caminhos, a errância está na poesia do texto que nunca se preenche, que não se define, uma oralidade que não se pronuncia, mas “que se articula em entendimentos subterrâneos”. O passado se atualiza em sua virtualidade e os lugares perdidos ainda recuam e se revelam. A errância como condição da liberdade para que cada pessoa não seja governada por uma história, que recuse seus modelos generalizados, mas que evoca um novo modo de relação com o Outro.
Eli Heil
Eli Malvina Heil nasceu em 1929, na cidade de Palhoça, Santa Catarina. Viveu sua infância e juventude no município vizinho de Santo Amaro da Imperatriz, tornando-se professora de educação física. Oportunamente, mudou-se para Florianópolis, onde lecionou em um colégio da capital, antes de dedicar-se integralmente à atividade artística.
Pintora, desenhista, escultora e ceramista autodidata, participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Realizou um trabalho único, de difícil classificação, que na XVI Bienal Internacional de São Paulo foi catalogado como “Arte Incomum” (Art Brut). “A arte para mim é a expulsão dos seres contidos, doloridos, em grandes quantidades, num parto colorido”.
Janga
João Otávio Neves Filho (1946-2018). Janga, como era conhecido, valorizou a cultura açoriana, defendeu o não esquecimento do patrimônio local imaterial, escreveu e curou sobre arte de diferentes gerações, dedicou-se a cadernos de cultura em jornais. Como artista, apesar de diferentes fases, pôde dedicar-se aos estudos da arte rupestre e ancestral da Ilha de Santa Catarina, deixando obras que trazem marcas de nossa ancestralidade. Figura ímpar na arte catarinense, Janga deixou uma imensa documentação e colaboração.
Tercília dos Santos
Tercília nasceu em Florianópolis em 1953. Começou a pintar somente em 1990, logo expondo seus trabalhos. Sua pintura remete à infância, com grande riqueza de cores. Em 1996 conquistou o Prêmio Aquisição na Bienal Brasileira de Arte Naïf de Piracicaba. Artista plástica apontada pela crítica como a grande revelação da pintura Naïf de Santa Catarina. Seus quadros, através de figuras totalmente coloridas, em acrílico sobre tela, registram o colorido rural do Estado.
Valda Costa
Valda Costa (1951-1993), uma artista Florianopolitana de origem pobre e pouco estudo criada no Morro do Mocotó, localidade de baixa renda situada próxima ao centro de Florianópolis. Morreu pobre e esquecida, após fulgurante ascensão como artista plástica: desde meados dos anos 1970, entrando pelos anos 1980, frequentou os mais concorridos ambientes culturais locais na condição de pintora que lograra alcançar uma considerável aceitação no mercado florianopolitano de artes plásticas.
Este é um evento organizado por:
AYA, ARMAZÉM COLETIVO ELZA, NUDHA e MESC
Parceria: Museu Victor Meirelles, Memorial Meyer Filho e Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti.
Coordenação Curatorial: Dra. Juliana Crispe.
Curadoras:
Célia Antonacci (UDESC/NUDHA);
Francela Carrera (UDESC/Artistas Latinas/Armazém Coletivo Elza);
Juliana Crispe (UDESC/MESC/Armazém Coletivo Elza);
Thainá Castro (Museologia UFSC/Armazém Coletivo Elza);
Coordenação do 2° EPD: Cláudia Mortari e Luisa Tombini Wittmann (UDESC/AYA).
Produção Cultural: Lorena Galeri (Armazém Coletivo Elza).
Curadoria Educativa: Léo Budziarek Eslabão e Juliana Crispe.
Ação Educativa: Léo Budziarek Eslabão, Letícia Damazio, Juliana Crispe, Milton Cazelatto, Sandra Nunes, Simone Rolim de Moura e Ticiane Bombassaro Marassi.
Foto: museus.gov/Reprodução.