Obviamente ainda é muito cedo para traçar um prognóstico totalmente positivo sobre um governo que apenas está iniciando. Carrega uma responsabilidade acima do normal perante a opinião pública. Jorginho Mello (PL) venceu as eleições 2022, com a maior porcentagem de votos válidos do Brasil, contando o primeiro e segundo turnos. Ele derrotou o petista Décio Lima com 70,69% dos votos válidos contra 29,31%. Uma margem considerável que, com certeza foi e será observada em todo o desenrolar do Governo, com olhos diretos também pelos lados de Brasília, onde o Partido dos Trabalhadores governa. Mas este é um outro lado da história. A reflexão que trago hoje, é basicamente o que esperar do desafio de governar Santa Catarina, tendo para si, uma margem de confiança tão elevada. Foto: Rodolfo Espínola / Agência AL
Promessas de campanha
O governador começou sua história de maneira positiva, ao sempre ressaltar que iria cumprir as principais promessas de campanha. É preciso concordar que é algo raro. Quase não se vê atitude dessa após a consolidação e posse no cargo. Zerar as cirurgias eletivas foi o carro-chefe de campanha. Antes mesmo de começar o governo já traçava ao lado da deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania), e que seria a futura Secretária de Estado da Saúde, os planos para execução da promessa. O Estado prevê um investimento de R$ 235 milhões para a campanha, e conseguir atender os cerca de 105 mil pacientes que aguardam na fila de espera por cirurgias. O trabalho começou no dia 30 de janeiro, com o compromisso de realizar perto de 10 mil cirurgias em seis meses. O fevereiro está findando, e tem-se notícias de que cerca de cinco mil procedimentos já foram realizados, de acordo com informações da SES. Um número substancial para o primeiro mês, e que vem atendendo principalmente pacientes com câncer.
Faculdade gratuita
Nesse quesito ainda há arestas. O debate chegou na tribuna da Assembleia Legislativa, onde os deputados levantaram uma série de questões sobre o plano pensado pelo Governo, para que mais essa promessa de campanha se torne realidade. A reação veio também da Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de SC (AMPESC). A entidade promoveu diversas reuniões, inclusive, com a Secretaria de Estado da Educação (SED), pedindo que não sejam excluídos 70% dos alunos do ensino particular de Santa Catarina. As conversas serviram de alerta, para as dificuldades que serão criadas no âmbito particular de ensino. Algo relevante, e que o governo não pode ignorar. O quadro expõe uma realidade um pouco distante do que se quer, ou seja, de cada dez estudantes, apenas três serão contemplados com a faculdade gratuita. Porém, é outra de suas promessas que avança e que caminha para um começo prático.
Melindre político
No campo da política o ajuste de governo é sempre mais complexo. Mexe com estruturas partidárias, carecendo de negociações que levam interesses de todos os lados. Na política, não entra a simples promessa de campanha, embora, Jorginho Mello sempre pregou que queria fazer um governo harmônico com os poderes. Pelo que se vê, parece que irá conseguir. No entanto, as negociações, envolvendo o legislativo, tiveram preços a pagar. Nesse meio, nem sempre o interesse da população prevalece, e sim, o pessoal e partidário, escalonando divisões de pastas, incluindo até mesmo os adversários de campanha. Tudo, em nome da governabilidade. Este assunto já foi trazido aqui à exaustão. Por fim, agora com todas as peças do jogo mais bem alinhadas, espera-se do ato da Reforma Administrativa, dê solidez ao novo contexto da governança. Foram criadas novas secretarias, trocas da nomenclatura de outras, e o discurso é de a mexida no mecanismo administrativo a custo zero. É preciso acreditar. Afinal, mais à frente, se haver transparência, os dados serão checados. Bem. Entendo que o Governo de Jorginho Mello, agora, entra na fase mais expositiva, desenhada desde o primeiro de janeiro. Portanto, que efetivamente comece, e com ampla observância.