A iniciativa trata-se de um projeto de extensão do IFSC, e surgiu nas disciplinas de Libras e Cultura Surda, quando os alunos ficaram surpresos com a quantidade de lutas enfrentadas pelo povo surdo, ao longo da história, para se alcançar o status linguístico atual de ter uma língua reconhecida como meio de expressão da comunidade surda, a Libras
Os estudantes dos cursos técnico integrado de Comunicação Visual e do superior de Pedagogia Bilíngue (Libras-Português), do Campus Palhoça Bilíngue do IFSC, no auditório da Escola Municipal de Palhoça, no bairro Nova Palhoça, um kit com a primeira edição de materiais digitais e uma cartilha impressa, em língua de sinais e portuguesa, que serão utilizados em atividades com crianças dos anos iniciais, do 1º ao 5º, do ensino fundamental dessa mesma escola.
O projeto intitulado ‘Libras: da história ao sinal’, conta as aventuras de dois personagens, Laura e L’Épée, interpretados pelas crianças surdas, Ketlyn Vitoria de Amorim (8 anos) e Adson Almeida da Silva (14 anos), que usam a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para relatar as experiências vivenciadas pelos surdos na Idade Antiga.
Classificada como literatura infantil e infantojuvenil, a obra traz o diálogo entre os personagens, o alfabeto manual, os números de 0 a 10, bem como as regras e as peças de um jogo de tabuleiro para que o leitor possa imprimir, recortar e jogar.
O kit completo da primeira edição, que recebeu o título de ‘As aventuras de Laura e L’Épée na Idade Antiga’, foi pensando para integração individual e em grupo, incluindo um vídeo bilíngue, em Libras, com legenda em português, de aproximadamente 10 minutos; uma cartilha didática, nas versões para impressão e leitura; e dois encartes com peças para um jogo de tabuleiro e uma ilustração para colorir; com download disponível aqui.
No lançamento dos materiais, as professoras da escola contemplada foram orientadas, pela equipe do IFSC, a como usar utilizar o material de forma otimizada e coerente com o seu propósito. “O objetivo principal foi contribuir para a ampliação de uma sociedade palhocense mais inclusiva, onde seus cidadãos possam receber acesso ao conhecimento das lutas e conquistas do povo surdo desde a infância”, explicou a coordenadora do projeto e professora de Libras e Cultura Surda do campus, Veridiane Pinto Ribeiro.
A iniciativa parece ter alcançado o seu público. “A receptividade das crianças na escola foi muito positiva. Elas estavam empolgadas com as nossas explicações, com a apresentação do vídeo e mais ainda com a entrega das cartilhas. Foi emocionante! O mesmo interesse foi demonstrado pelas professoras e pela direção da escola, que foram muito atenciosas e carinhosas com o projeto”, comentou a recém formada em Pedagogia Bilíngue, Graziela Ferro, que na época do início dos trabalhos ainda era estudante do curso.
A coleção prevê o lançamento de mais quatro edições: O que Laura e L’Épée viram na Europa?’, Laura e L’Épée conhecem a luta dos surdos no Brasil, Cultura surda: será que Laura e L’Épée sabem o que é? e Laura e L’Épée querem ser celebridades surdas; no entanto, cada uma delas precisa ser submetida e aprovada ao edital de protagonismo discente do IFSC, lançado periodicamente, a fim de que se tenha os recursos financeiros para sua execução.
Além da coordenadora e da egressa já mencionadas, integraram a equipe, Élida da Silveira Pereira (egressa do curso técnico de Comunicação Visual), Josiliana Miria Florêncio da Silva (estudante do curso de Pedagogia Bilíngue), João Vitor Cardoso Demétrio (estudante de Comunicação Visual), Gabriel Henrique Cabral (egresso do curso técnico de Tradução e Interpretação de Libras-Português), Marcelo Augusto de Freitas Faria, Felipe Garcia Freitas e Diego Urrutia (servidores do Núcleo de Produção Bilíngue do câmpus).
“Espera-se que o projeto possa diminuir os preconceitos e o distanciamento entre surdos e ouvintes, promovendo espaços comuns de interação bilíngue”, concluiu Veridiane.
Foto: IFSC/Reprodução