Organização atuava com foco em tráfico de armas de fogo e mantinha patrimônio que supera R$ 37 milhões
Com penas que ultrapassam 30 anos de reclusão para cada um dos suspeitos, a Polícia Federal iniciou uma megaoperação contra uma facção criminosa envolvida com tráfico de drogas e armas e lavagem de dinheiro. Deflagrada na manhã desta terça-feira (18), a operação Facção Litoral conta com cerca de 150 policiais, entre federais e militares, e cumpre um total de 91 mandados.
São 15 mandados de prisão, 28 de busca e apreensão, 12 de sequestro de imóveis e 36 de sequestro de veículos e embarcações nos municípios de Itajaí, Balneário Camboriú, Itapema, Camboriú, Navegantes, Balneário Piçarras, Penha, Apiúna e Florianópolis. Além das cidades catarinenses, as investigações também constataram envolvimento da organização criminosa nos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. As ordens judiciais foram expedidas pela 1ª Vara Criminal da comarca de Balneário Piçarras-SC.
Das 15 pessoas procuradas, 14 foram presas e a última entrou em contato com PF para se entregar. Entre as apreensões, estão carros de luxo, embarcações e imóveis de alto padrão que juntos superam o valor de R$ 37 milhões e eram usados para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio em nome de “laranjas”. As contas bancárias de 32 pessoas físicas e jurídicas também foram bloqueadas, mas os valores ainda estão sendo apurados — grande quantia de dinheiro também foi apreendida. A operação segue ao longo do dia.
O princípio
As investigações começaram a partir de uma apreensão de drogas feita pela Polícia Militar no município de Balneário Piçarras. Na ocasião, foram encontrados 700kg de cocaína. Em paralelo, foram analisados elementos existentes em diversas apreensões de armas provenientes de Santa Catarina em rodovias do país. Dentre as operações, 35 pistolas e 6 fuzis foram apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em um município na baixada fluminense, no Rio de Janeiro, em novembro de 2021.
Com o desenrolar das investigações, também foram encontrados 350kg de maconha e 45kg de crack, mas, de acordo com o delegado Alessandro Neto Vieira, o foco da facção era o tráfico de armas de fogo, o que ele considerou como uma situação como “inusitada” na região do estado. “Nós temos aquela falsa noção de que os criminosos estão aqui apenas para desfrutar e lavar o dinheiro que é amealhado com a prática de crimes praticados em grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto alegre”, declarou o delegado.
Contudo, segundo Vieira, a atividade matriz da facção era toda concentrada em solo catarinense. “Nesse trabalho nós percebemos nitidamente que todo o ciclo dessa cadeia criminosa é começado e terminado aqui em Santa Catarina. Ou seja, os criminosos estão aqui. Daqui eles negociam a compra do armamento e dessa droga. Trazem o armamento para cá e aqui eles escondem os objetos. A partir daqui eles negociam e fazem a distribuição dessas armas para facções criminosas em comunidades de grandes cidades do Brasil”, completou.
Os investigados respondem pelos crimes de tráfico de armas de fogo (art. 16 da 10.826/2003), tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06 Lei Antidrogas), participação em organização criminosa (art. 2o. da Lei 12.850/13), além do crime de lavagem de dinheiro (art. 2o. da Lei 9.613/98), cujas penas máximas somadas ultrapassam 30 anos de reclusão.
Foto: PF / Divulgação