Padre tinha como objetivo voar do litoral paranaense até próximo da divisa
do Mato Grosso do Sul com o Paraguai
Há 15 anos, o dia 20 de abril entrou para a memória do Brasil. De tantas histórias inusitadas deste país, o episódio em questão envolve um padre, mil balões de gás hélio e um erro de cálculo irresponsável. Adelir Antônio de Carli, pároco da cidade de Paranaguá, no litoral paraense, subiu em uma cadeira alçada com destino à cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Naquele momento, Adelir, de 41 anos, deixava de ser localmente reconhecido por seu ativismo social para se tornar o “Padre do Balão”, no imaginário popular nacional.
O padre era paraquedista e praticante do “balonismo caseiro”. Sua intenção era quebrar um recorde: voar por 20 horas. Até então, a marca era de 19 horas e pertencia a aventureiros estadunidenses. O plano também envolvia chamar atenção e arrecadar dinheiro para a Pastoral Rodoviária, de apoio a caminhoneiros, da qual foi fundador. Dois meses antes, Adelir chegou a realizar um voo: com 600 balões, viajou por 25 quilômetros, do Paraná até a Argentina.
Chovia no dia, mas, mesmo assim Adelir insistiu e decolou rumo ao Oeste, munido de GPS, celular, capacete, traje especial e mantimentos. Antes, ainda celebrou uma missa. Pouco depois da decolagem, o aventureiro padre demonstrou sucesso, logrando alcançar altitude. Mas foi muita altitude. Na noite daquele mesmo dia, Adelir perdeu contato com a Polícia Militar, que o monitorava. Sem saber operar o GPS e com pouca bateria no celular, ele desapareceu.
Em seu último contato, o clérigo pediu resgate e avisou poderia cair no mar, devido à mudança do vento que o levou em direção ao litoral norte de Santa Catarina. Apenas três meses depois Adelir foi localizado. Partes de seu corpo foram encontradas no mar do Rio de Janeiro, a aproximadamente mil quilômetros de onde decolou. A perícia confirmou sua identidade por exame de DNA e então o Padre do Balão voltou à sua cidade natal, Ampére, no interior do Paraná, para ser sepultado.
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