Ativista agredido já foi condenado pela Justiça por humilhar uma pessoa autista
e chegou a ser candidato a deputado pelo Paraná
O influencer curitibano João Bettega, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) disse ter apanhado na tarde da última quinta-feira (13) dentro da Universidade Federal de Santa Catarina, no campus da Trindade. Uma foto compartilhada pelo MBL mostra o rosto do militante ferido. Segundo o MBL, ele e outros integrantes do grupo, que não são estudantes da UFSC, foram à Universidade para pintar as paredes de um prédio quando sofreram agressões.
Em nota a UFSC repudiou “qualquer ato de violência em suas dependências, contra qualquer pessoa” e informou que sua Secretaria de Segurança Institucional se colocou à disposição dos envolvidos no episódio. Contudo, esclareceu que a pintura ao prédio organizada pelos militantes não foi autorizada. “A UFSC está tomando ciência de todo o acontecido para avaliar medidas cabíveis ao caso”, diz outro trecho do comunicado. Confira abaixo a nota da Universidade na íntegra.
Politicamente ativo, João Bettega chegou a se candidatar a deputado estadual do Paraná, pelo Novo, em 2022. Sem conseguir a eleição, o militante se envolveu em outra polêmica, em maio de 2023, quando foi condenado pela 5ª Vara Cível de Curitiba a retirar da internet um vídeo no qual ridicularizava uma pessoa autista. Desta vez, o influencer, disse ter sofrido uma “tentativa de homicídio” ao fazer uma “fiscalização” na UFSC. “Eles não vão conseguir me calar, não vou desistir”, escreveu Bettega no Twitter, recebendo apoio de outros membros do MBL e também do ex-deputado federal cassado, Deltan Dallagnol.
Minha solidariedade ao @joaobettega_ e demais vítimas do ódio e violência da esquerda, covardemente atacados e roubados hoje na UFSC enquanto pintavam e revitalizavam patrimônio público. É extremamente necessário que a justiça seja feita, e os agressores julgados e punidos.…
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) July 13, 2023
Insegurança política na UFSC
Na terça-feira (11), o MBL veiculou no Twitter uma postagem na qual seus integrantes apareciam pintando as dependências do mesmo prédio onde ocorreu a suposta agressão de quinta (13). O Centro Acadêmico do curso de História da UFSC publicou na quinta (13) um comunicado dizendo que, no dia seguinte, quarta (12), um dos integrantes do MBL chegou a ameaçar estudantes e por isso o curso solicitou reforço da segurança na região próxima ao bloco de aulas.
“Começa com ‘movimentos inofensivos’, mas acabam sempre em intimidação, perseguição e violência, com alvos marcados, principalmente aqueles, historicamente, menos favorecidos. No dia de ontem, foram veiculadas, através no Twitter de um integrante do MBL-SC, ameaças contra estudantes da UFSC, dizendo que hoje (13) retornariam ao Centro de Convivência para ‘terminar as pinturas, esperando encontrar os revolucionários de apartamento'”, diz um trecho da nota dos estudantes de História. “Orientamos que evite-se conflitos e que, se necessário, procurem entrar em contato com os responsáveis pela segurança”, complementa o comunicado.
O que disse a UFSC
A respeito do incidente ocorrido no Campus de Florianópolis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) nesta quinta-feira, 13 de julho, em que um jovem alega ter sido agredido, a Universidade se manifesta repudiando qualquer ato de violência em suas dependências, contra qualquer pessoa. Ao mesmo tempo informa que a sua Secretaria de Segurança Institucional, através dos seus servidores, se colocou à disposição dos envolvidos no episódio.
A UFSC está tomando ciência de todo o acontecido para avaliar medidas cabíveis ao caso. Inicialmente, sabe-se que houve acesso e intervenções não autorizadas pela Instituição no prédio do Centro de Convivência, edificação que está parcialmente inoperante e que tem áreas sem condições de uso. A situação atual do prédio é reflexo da falta de repasse de verbas nos últimos anos.
No entanto, a UFSC informa que já reservou recursos do orçamento de 2023 para iniciar a reforma da edificação. Cabe destacar que a Universidade condena a ação de grupos organizados, externos à instituição, que promovem invasões a espaços educacionais e atitudes que claramente expressam o desconhecimento da realidade institucional, maculando a imagem da UFSC.
Fotos: MBL / Divulgação