20 de setembro de 2024
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Economia

Aipim cultivado em Itajaí pode receber selo de qualidade internacional

O aipim cultivado em solos turfosos de Itajaí pode receber Indicação Geográfica (IG)

Nos últimos dias, o Planejamento Estratégico do Município de Itajaí (PEMI), em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), promoveu um ciclo de reuniões e debates técnicos sobre o tema com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do estado (SEBRAE/SC). O objetivo da iniciativa é reconhecer e valorizar a produção do aipim em zonas de turfa na cidade.

A solicitação da Indicação Geográfica considera os diferenciais do produto cultivado em solos turfosos de Itajaí (terra preta), preservados e com potencial de plantio, que só existem em uma área de 300 hectares em três comunidades: São Roque, Rio Novo (Colônia Japonesa) e Espinheiros. Este tipo de cultivo confere ao aipim alto valor agregado por ter uma qualidade superior. Essa característica também já é percebida pelos consumidores, que procuram ou privilegiam o aipim com “casca suja de preto” na hora da compra, ou seja, aquele produzido em Itajaí.

O diretor executivo do PEMI 2040, Alcides Volpato, afirma que a produção de aipim e seus derivados em Itajaí, como farinha, beiju, pirão d’água, entre outros, são peculiares da cultura local e que devem ser cuidados e elevados ao patamar de patrimônio material e imaterial do município. “Isso é um legado cultural, social e ambiental para as futuras gerações”, reforça Volpato.

Solo diferenciado

Conforme o pesquisador da EPAGRI de Itajaí, Dr. Antonio Henrique dos Santos, áreas de solo turfoso são recursos naturais muito necessários, mas escassos e que demandam atenção para sua manutenção e preservação ambiental. Além disso, estes locais são ricos em polifenóis, que garantem sabor e maciez ao aipim por ter menos fibras. “Sem desconsiderar que os polifenóis são anticancerígenos”, destaca o pesquisador.

Essas particularidades do aipim de Itajaí foram destacadas durante reuniões pelas equipes envolvidas na solicitação da Indicação Geográfica, que terá o intuito de salvaguardar o produto, a cultura e a zona de plantio na cidade. A proposta de IG já está em elaboração pelo Município, a EPAGRI e o SEBRAE.

Além disso, nesta segunda-feira (17), representantes do PEMI e técnicos da EPAGRI de Itajaí e Florianópolis reuniram-se com o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Valdir Colatto, que acolheu a ideia e irá disponibilizar os recursos financeiros necessários à implementação do processo.

“Precisamos dar prioridade às tecnologias sustentáveis e à agricultura familiar características de nossa Santa Catarina, pois o agronegócio e as commodities são estruturas já consolidadas e que não necessitam tanto do poder público”, destacou Colatto, ressaltando ainda que as práticas tradicionais geram renda e mantém o pequeno produtor e sua família no campo.

O que é Indicação Geográfica

De acordo com Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a IG identifica a origem de um produto ou serviço que tem certas qualidades graças à sua origem geográfica ou que tem origem em um local conhecido por aquele produto ou serviço. É uma proteção concedida que, além de preservar as tradições locais, diferencia produtos e serviços, melhora o acesso ao mercado e promove o desenvolvimento regional, produzindo efeitos para produtores, prestadores de serviço e consumidores.

Santa Catarina, por exemplo, já tem outros produtos com Indicação Geográfica. Entre eles: Vales da Uva Goethe, para vinhos e espumantes de Uva Goethe; Banana da Região de Corupá; Campos de Cima da Serra, para o Queijo Artesanal Serrano Brasileiro (que envolve os estados de SC e RS); Mel de Melato de Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro (que envolve os estados do PR, SC e RS); Maçã Fuji da Região de São Joaquim; e Vinhos de Altitude de Santa Catarina.

Foto: Prefeitura de Itajaí/Reprodução