22 de setembro de 2024
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Cotidiano

“Reinventar e continuar vivo”: Natiruts reforça necessidade de renovação no reggae

Em Santa Catarina para o Floripa Eco Festival, banda falou ao Portal TVBV sobre
os caminhos do reggae em meio ao cenário musical na atualidade

Dupla inseparável, o vocalista Alexandre Carlo e o baixista Luís Mauricio trouxeram o Natiruts mais uma vez a Santa Catarina. No último sábado (16), a banda tocou grandes sucessos consagrados e também recebeu Iza para cantarem juntos a parceria Good Vibration no palco principal do Floripa Eco Festival. Em breve passagem pelo festival, a cantora ainda apresentou os hits Talismã e Pesadão antes de devolver a exclusividade do palco à banda de reggae, da qual é fã.

À vontade em Florianópolis, o Natiruts foi acompanhado por mais nove músicos convidados, além da própria Iza, e por 16 mil pessoas, que entoaram em coro os clássicos da banda. Antes do show, porém, Alexandre e Luís contaram suas impressões sobre os caminhos tomados pela música brasileira, em especial, os caminhos do reggae no país.

Se por um lado a banda enxerga com positividade a preservação da obra de Bob Marley, construída principalmente na década de 70, por outro, admite que talvez fosse momento do reggae “se permitir misturar” e buscar renovação, a exemplo do que fizeram artistas de outros gêneros musicais. “Gostando ou não, eu acho que é uma forma do estilo se reinventar e continuar vivo”, disse Alexandre. Confira abaixo a entrevista completa da banda Natiruts ao Portal TVBV.

 

Portal TVBV: Qual a sensação de tocar em Santa Catarina? Muda muito tocar fora de casa?

Luís Mauricio comanda o baixo do Natiruts no Floripa Eco Festival

Natiruts: Santa Catarina é praticamente nossa casa também, em relação ao Natiruts, porque quando a gente tinha um ano de banda, já rolou um show aqui. Então, acho que o som da banda chegou muito rápido aqui, né. E, de lá pra cá, praticamente todo ano a gente vem. Temos muitos amigos aqui, muitas histórias legais, muitos shows bacanas. Então, a gente praticamente toca em casa.

Portal TVBV: O que acharam do Eco Festival?

Natiruts: Muito legal, né? Tem vários outros artistas de várias gerações. Legal essa mescla de gerações e de estilos. A gente foi convidado e curtiu a proposta do festival. E por ser aqui na Ilha também, né, é um projeto que fala de sustentabilidade, que tem muito a ver com o nosso trabalho, com o que a gente fala. Então, acho que casou perfeito.

Portal TVBV: E… falando um pouco da mistura de estilos de gerações, como vocês enxergam o futuro do reggae no Brasil?

Natiruts: O reggae tem uma forma de se comunicar que, na minha visão, tá deixando um pouco de lado a renovação. A gente celebra muito o que foi feito nos anos 70, isso é muito bom. Até porque o maior ídolo do reggae, o cara mais importante do reggae, foi um cara que gravou seus discos nos anos 70, o Bob Marley. Mas talvez o reggae seja um dos poucos estilos que não fala em renovação.

Alexandre Carlo lembra viagem de ônibus da banda brasiliense a Santa Catarina em 1997

Portal TVBV: Então falta essa renovação? Ou é melhor manter a raiz?

Natiruts: Você vê que o sertanejo lá atrás era Tonico e Tinoco, Pena Branca & Xavantinho, era coisa mais viola e tal… depois foi incorporando outros estilos, foi incorporando o pop junto. Hoje toca até meio trap no sertanejo também. Gostando ou não, acho que é uma forma do estilo se reinventar e continuar vivo. Acho que ao reggae falta um pouquinho essa noção e essa intenção de poder se permitir misturar com outras coisas.

Portal TVBV: Vocês acham que tem mudado um pouco a receptividade do público com a música brasileira?

Natiruts: Dos anos 90 para cá melhorou muito. O jovem hoje consome muito mais música brasileira do que na nossa época. Na nossa época era muito rock, que é um estilo internacional. O reggae também era umas coisas muito internacionais. Hoje em dia as pessoas celebram mais Milton Nascimento… Gal Costa, agora que fez a passagem, tem uma série de homenagens à Gal.

Então acaba também que todo mundo que canta em português está dentro do Brasil, acaba sendo música brasileira também. Eu não consigo ver o Renato Russo e a Legião Urbana como uma banda gringa, apesar de eles tocarem rock. É música brasileira também. Acho que a música brasileira está mais forte do que nunca.

Confira mais fotos do show

Texto e fotos por Lucas Fantinatti