Aqui você confere os efeitos nos investimentos, no endividamento e até
no orçamento público causados pela queda da taxa
No último dia 20 de setembro de 2023, o Copom, órgão do Banco Central, decidiu reduzir os juros, a taxa Selic, de 13,25% para 12,75%, dando continuidade na redução feita na última reunião, quando havia reduzido de 13,75% para 13,25%. O órgão se reúne a cada 45 dias para decidir sobre os juros, os quais são usados como uma das principais ferramentas para controlar a inflação.
A expectativa, neste momento, é que esses juros sigam caindo neste mesmo ritmo, podendo ir até 9% em 2024. Isso vai depender de como os dados econômicos vão se comportar, especialmente a inflação.
Mas, e como essa redução afeta o nosso dia a dia?
Investimentos
Como aqui nesta coluna falamos muito de investimentos, começo destacando este impacto. Com a redução dos juros, os investimentos que são atrelados ao CDI passam a ter rendimentos inferiores, visto que este é uma derivada da taxa Selic. Ou seja, aquele seu CDB ou LCI vão passar a render menos todos os meses. A cada corte da taxa de juros o retorno desses investimentos vai reduzir cada vez mais.
Investimentos na poupança são impactados apenas quando a taxa Selic baixa de 8,50% e, no momento, não há expectativa para isso. Assim, não devem observam redução em sua rentabilidade, não no curto prazo.
Por sua vez, investimentos em bolsa de valores, como ações e fundos de investimentos imobiliários, normalmente acabam tendo uma valorização com a queda dos juros, especialmente quando os juros vão abaixo de 10%. Seja pela migração dos investidores de uma modalidade de investimento para outra, seja pela melhora na rentabilidade desses investimentos.
Endividamento
A Selic serve de balizador dos juros que os bancos cobram em cartão de crédito, cheque especial, empréstimos e financiamentos. Assim, com a redução dos juros o custo desta dívida tende a ser menor e impactar menos a vida das pessoas.
No Brasil os financiamentos para pessoas físicas são, tradicionalmente, pré-fixados, ou seja, não se alteram na medida que os juros oscilam. Assim, a redução dos juros não vai reduzir de imediato o custo do seu financiamento, por exemplo; no entanto, permite que você busque uma negociação ou até mesmo uma portabilidade, para então reduzir os juros deste financiamento.
Especialmente em financiamento imobiliário, em que se pode buscar a portabilidade para se conseguir juros menores, o recomendável é esperar os juros caírem mais e conseguir uma taxa mais baixa. A portabilidade de financiamento tem um custo para ser feito, assim, o ideal é fazer quando os juros forem mais baixos, evitando fazer mais de uma vez e ter dois custos desses.
Economia
Com juros mais baixos, o custo do empréstimo para as empresas fica mais baixo e elas tendem a investir mais, consequentemente, gerar mais empregos.
Depois, com juros mais baixos, as pessoas conseguem comprar mais bens com um custo de prestação menor, o que gera mais investimentos dos empresários para atender este consumo.
Isso leva a um ciclo benéfico para a economia, com geração de empregos e até melhora nos salários.
Governo
A redução dos juros leva a uma redução das despesas do Governo com os juros pagos em razão do seu endividamento. Uma redução de despesas do Governo significa mais dinheiro para ser investido em saúde, melhorias em estradas e outras obras públicas, trazendo mais crescimento econômico e mais emprego.
Esse crescimento econômico que pode ser gerado pela redução dos juros vai impactar lá nos nossos investimentos em bolsa de valores, pois as empresas e os fundos de investimentos imobiliários passam a gerar mais receita, aumentando o retorno dos investimentos.
Não é para amanhã
Infelizmente essas alterações não vão ocorrer amanhã. A queda foi muito pequena na taxa de juros e novas quedas dependerão especialmente de uma inflação controlada.
As expectativas são otimistas e de quedas nos juros nos próximos meses, reduzindo para patamares mais baixos até o final de 2024, podendo chegar em 9%.
Assim, do ponto de vista de investimentos, é importante que se comece a planejar algumas eventuais alterações no portfólio para poder captar essa melhora, não deixando para fazer isso quando todos os investidores já tiverem feito o seu movimento. Do ponto de vista de consumo, é possível planejar para que o consumo dependente de financiamento seja feito mais adiante, com juros mais baixos, ou, como no caso do financiamento imobiliários, que uma possível renegociação ou portabilidade seja buscada apenas quando tivermos uma redução mais consistente dos juros.
Espero que tenha auxiliando vocês a entender a importância da taxa de juros no nosso dia a dia e os motivos para ver com bons olhos quando ela é reduzida.
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