Data já foi celebrada com festividades em Florianópolis
Popularmente celebrado no dia 31 de outubro, o Halloween ou Dia das Bruxas é provavelmente a data festiva favorita entre os admiradores do gênero do terror. Elementos da cultura pop como serial killers, casas assombradas, fantasmas, vampiros e zumbis são alguns dos símbolos importados do imaginário norte-americano e europeu para celebrar a datada. Entretanto, a cultura brasileira busca valorizar seu folclore próprio com a celebração do Dia do Saci.
Este pequeno ser de uma perna só, que usa um gorro vermelho e fuma cachimbo é conhecido por suas travessuras e malfeitorias, como invadir casas, roubar objetos e incomodar viajantes. A figura foi popularizada principalmente por suas aparições nas histórias do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, e a série de quadrinhos de Ziraldo, A Turma do Pererê.
Ícone do folclore brasileiro era celebrado em Floripa
A oficialização do Dia do Saci na data de 31 de outubro no Brasil aconteceu em 2013 a partir de um Projeto de Lei Federal que visava criar um contraponto ao Halloween de forma que valorizasse mais a cultura nacional. Em 2015, um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de Florianópolis instituiu também o “Dia do Saci e seus Amigos” na Capital.
Antes mesmo de ser oficializada, a data foi festejada durante cerca de 15 anos em Florianópolis. A jornalista e pesquisadora do Instituto de Estudos Latino-americanos da UFSC, Elaine Tavares, conta que a discussão começou a ser levada para a Universidade porque o Saci é um mito nacional que tem muito mais a ver com a realidade brasileira do que o Halloween.
“Junto de um grupo de jornalistas da revista Pobres & Nojentas, nós celebrávamos o Dia do Saci e levávamos para a rua um Saci gigante com panfletos que contavam a história desse mito, que junta três matrizes da cultura brasileira: o indígena, o negro e o branco. Essa era a discussão que a gente fazia, ao mesmo tempo que levava brincadeira para as crianças, assim como o Boi de Mamão”, conta a jornalista.
Elaine conta que a celebração do Saci é muito popular no interior de São Paulo, e questiona a influência absoluta do Halloween norte-americano sobre a data.
“É uma festa linda, mas não vejo sentido celebrar algo que não tem ligação nenhuma com a nossa cultura. Aqui em Florianópolis teria sentido celebrarmos as bruxas, porque nós temos a figura da Bruxa de Cascaes. Mas o 31 de outubro vai muito além das bruxas, é toda uma mística cultural que envolve vários outros personagens”, pontua.
De Boitatá a Mula Sem Cabeça, o folclore brasileiro é repleto de figuras icônicas que retratam o imaginário de cada região do país. Mas uma coisa é certa: seja no Norte ou no Sul, se você ver um redemoinho de vento e ouvir um assovio estridente, pode ter certeza que vão falar que é coisa do Saci-pererê.
Fotos: Arquivo pessoal
