Laboratório catarinense venceu três modalidades no Prêmio Nacional de Inovação
Inovação e sustentabilidade são as palavras-chave da empresa catarinense de nanobiotecnologia que venceu três modalidades no Prêmio Nacional de Inovação, em 2023, e está chamando a atenção do mercado europeu com uma novidade desenvolvida para o manejo sustentável do campo.
Fundada há nove anos pelas pesquisadoras Beatriz Veleirinho e Letícia Mazzarino, a companhia atua com destaque no desenvolvimento e fornecimento de ativos nanotecnológicos e também na utilização da tecnologia verde e dos sistemas biocompatíveis e biodegradáveis.
“Começamos muito focadas na linha veterinária, com sistema de nanocápsulas sustentáveis para aplicação em pets. Nosso produto era algo muito novo. Depois, atendendo a uma demanda do mercado, investimos na linha cosmética. Agora comemoramos a expansão internacional com nosso terceiro segmento de mercado: defensivos alternativos aos agrotóxicos convencionais, baseados em tecnologia verde”, destaca Beatriz sobre a venda de uma tonelada do novo produto para a Europa.
De acordo com a pesquisadora, a legislação na Europa é muito restrita e os agricultores precisam de alternativas pra garantir a produtividade. “Fechamos um contrato com uma empresa e os resultados foram muito bons”, comemora Beatriz.
Antes mesmo da criação da empresa, a história dela está atrelada à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina. “A Fapesc é fundamental em toda a nossa história, desde as bolsas de estudos, na época das pesquisas na universidade, até a criação da empresa e a subvenção do Tecnova, que possibilitou os testes em campo dos novos produtos nanoagro; além dos incentivos que recebemos com os prêmios”, analisa Beatriz.
A história da empresa começou em 2014, quando as sócias e doutoras em nanotecnologia se inscreveram no Programa Sinapse da Inovação, edital que fomenta ideias inovadoras geradas em teses, dissertações e trabalhos científicos e tecnológicos. “Nosso grupo de pesquisa na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) já tinha esta característica de desenvolver pesquisas aplicadas e soluções focadas na vida real. Não queríamos que nossas ideias ficassem restritas a publicações científicas. O incentivo do Programa Sinapse foi o impulso que precisávamos para abrir a nossa empresa”, relembra Beatriz.
O primeiro laboratório
Em 2017, a empresa deu os primeiros passos na fabricação dos novos produtos em uma incubadora, e começou a estabelecer contato com futuros clientes. “Até o lançamento da nossa primeira linha de produtos, foram necessários três anos. Mudamos muitas vezes nossos projetos até conseguirmos nos adaptar à realidade do mercado. Além do networking e do ambiente que proporciona muitas trocas, conseguimos estabelecer nossa planta produtiva e organizar as instalações para desenvolver nosso processo de fabricação”, comemora Beatriz.
Prêmio Nacional de Inovação: nanobiotecnologia e soluções sustentáveis
Em setembro, a empresa conquistou três troféus no Prêmio Nacional de Inovação, premiação que reconhece as melhores práticas de inovação do Brasil. Na categoria Pequenos Negócios, ficou em primeiro lugar nas modalidades: Destaque em Segurança e Saúde do Trabalho, Inovação de Produto e Pesquisadora Inovadora, com destaque para o tralhado de Letícia Mazzarino.
“Foi uma surpresa e algo totalmente gratificante”, resume a pesquisadora Beatriz Veleirinho.
O Prêmio Nacional de Inovação avalia não apenas projetos isolados, mas a capacidade inovadora das empresas, usando critérios como originalidade, impacto e viabilidade. É uma iniciativa da Mobilização Empresarial para a Inovação (MEI), com realização da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
No ano passado, a empresa conquistou outros três prêmios em Santa Catarina: Prêmios Inovação Catarinense e Mulheres+Tec, ambos realizados pela Fapesc, além do Prêmio Celta de Incubação.
Foto: Matheus Martins