Uso de peças irregulares causou vazamento de monóxido de carbono que asfixiou quatro jovens em balneário Camboriú
Os responsáveis pelas modificações na BMW em que quatro jovens morreram asfixiados por monóxido de carbono em Balneário Camboriú poderão ser indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Isso porque foram utilizadas peças irregulares no sistema de escapamento do veículo, que tornavam nula a capacidade de filtro de gases tóxicos e que sofreram um rompimento.
A Polícia Civil de Santa Catarina apresentou na manhã desta sexta-feira (12) os resultados das perícias da investigação sobre a tragédia que ocorreu no 1º de janeiro. A coletiva contou com a participação da Secretaria de Segurança Pública, das polícias Científica e Civil, além da Superintendência de Urgência e Emergência da Secretaria da Saúde.
Entre os esclarecimentos apresentados estão os exames de carboxihemoglobina realizados pela Polícia Científica que, acusaram níveis fatais de monóxido de carbono, superiores a 50% em três vítimas e, entre 49% e 50%, na quarta vítima, confirmando asfixia por monóxido de carbono como causa das mortes.
O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, também a qualidade do trabalho desenvolvido por todas as instituições que atuaram no atendimento do caso e, mesmo no período de alta temporada, a Polícia Civil e a Polícia Científica mobilizaram suas equipes para esclarecer os fatos. “O governador Jorginho pediu que aumentássemos o efetivo da PCSC onde há intensa concentração de pessoas. Essa diretriz foi fundamental para que pudéssemos dar uma resposta rápida aos familiares das vítimas e à sociedade.”
O Setor de Engenharia Forense da Polícia Científica realizou uma série de exames periciais na BMW onde se encontravam os jovens, contando em alguns deles com o suporte e apoio técnico da empresa fabricante. Durante os trabalhos foram identificadas quatro alterações na estrutura original, realizadas com o propósito de aumentar a potência e o ronco do motor.
Uma delas consistiu na retirada de uma peça original do veículo onde se encontra o catalisador, sistema que elimina cerca de 90% do monóxido de carbono gerado pelo motor, dando lugar a peça similar conhecida como downpipe. No entanto, além de não apresentar o sistema de filtragem dos gases, o novo componente se rompeu durante o uso e provocou a saturação do ambiente interno do veículo com monóxido de carbono, fato causador das mortes.
Investigação dos fatos
O caso foi assumido pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Balneário Camboriú e o inquérito passou a ser conduzido pelo delegado Vicente Soares. “Analisamos as imagens e coletamos depoimentos para a identificação da dinâmica dos fatos. Já ouvimos testemunhas e familiares. Nos próximos dias ouviremos os responsáveis pela customização identificada no veículo”, assinalou.
O inquérito ainda segue em andamento.
Participaram da entrevista coletiva:
Secretaria de Segurança Pública
– Secretário adjunto da Segurança Pública, Freibergue Rubem
Polícia Científica de Santa Catarina
– Perita-geral Andressa Boer Fronza
– Perito-geral adjunto Douglas de Oliveira Balen
– Diretor de Medicina Legal, perito médico legista Fernando Oliva da Fonseca
– Perita Criminal bioquímica, Bruna de Souza Boff
– Perito criminal Luiz Gabriel Alves de Deus
– Perito criminal Islas Buth
Polícia Civil
– Delegado-geral Ulisses Gabriel
– Delegado Vicente Soares, titular da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Balneário Camboriú, que preside o inquérito policial
Foto: Ricardo Trida/SECOM