Investigado cobrava valores indevidos a beneficiários de programa social de auxílio desemprego
Um ex-servidor público municipal que estava lotado como Oficial de Gabinete na Prefeitura de Laguna, no Litoral Sul de Santa Catarina, foi preso preventivamente pela Polícia Civil nesta sexta-feira (9) no âmbito de uma investigação que apura a suposta prática do crime de “rachadinha” contra bolsistas de uma fundação comunitária.
Segundo as investigações da Divisão de Investigação Criminal de Laguna, ao menos desde 2021, o investigado passou a exercer diversos cargos comissionados Administração Municipal e, a partir de 18 de janeiro de 2023, passou a atuar no Gabinete do Prefeito Oficial de Gabinete – AS 3, com lotação no Gabinete do Prefeito, especificamente como coordenador do Programa Frente de Trabalho, da Fundação da Família e Assuntos Comunitários Irmã Vera.
O investigado teria exigido de funcionários do Programa o repasse de valores indevidos que variavam entre R$ 100,00 e R$ 500,00, em troco da manutenção do vínculo dos bolsistas à Frente de Trabalho. O Programa proporciona renda a cidadãos desempregados e em situação de vulnerabilidade social, por meio da prestação de serviços como limpeza pública, conservação e manutenção de vias públicas, prédios e patrimônio público.
A Polícia apurou que o comissionado utilizava não somente o prestígio de seu cargo e intimidava funcionários com a ameaça de desligamento do Programa, como também aplicava possíveis punições no decorrer da prestação dos serviços pelos bolsistas.
Armas apreendidas
No decorrer da deflagração da operação nesta sexta-feira, além do mandado de prisão preventiva, a Polícia Civil apreendeu também quatro armas de fogo e diversas munições de variados calibres que estavam em posse do investigado. De acordo com a investigação, provas indicam que o ex-servidor portava os armamentos em horário de serviço.
Rachadinha
A operação leva o nome de “Resiliunt”, título em latim da prática conhecida como “rachadinha”, que consiste no do repasse de parte dos salários de funcionários após solicitação ou exigência do funcionário público.
De acordo com o Delegado Bruno Fernandes, coordenador das investigações, apurou-se que, “àqueles a quem o município de Laguna deveria mais acolher e cuidar, inserindo-os em programas sociais e no posterior ingresso no mercado formal de trabalho, foram alvo de uma verdadeira senda criminosa orquestrada pelo investigado, que, mês a mês, imbuído de sua própria ganância, retirou da mesa dos trabalhadores– ainda que indiretamente – aquilo que lhes era mais caro: o sustento próprio e de suas famílias”.
Além disso, o delegado destacou que os atos de constrangimento não cessaram nem quando o investigado parou de exercer suas funções junto à Fundação, que demandou o manejo enérgico de sua prisão preventiva.
Foto: Geraldo Gê/Secom PML