17 de julho de 2024
Desde que decidiu renunciar ao mandato de prefeito de Florianópolis, em 2022, para a aventura de disputar o governo do estado naquele ano, Gean Loureiro vem fazendo movimentos arriscados, bruscos, na linha do vai ou racha. Do tudo ou nada. A principal canelada foi o rompimento público com sua criatura política, o atual prefeito Topázio Silveira Neto. Posicionamento que bate de frente com os mandatários do União Brasil, partido ao qual Gean ainda está filiado. Vai de encontro, inclusive à postura presidente do diretório estadual da legenda, Fábio Schiochet, que é deputado federal e mostra-se irredutível em relação a manter-se conectado ao grupo do prefeito.
Os três estaduais da sigla – Sérgio Guimarães, Jair Miotto e Marcos da Rosa -; bem como os quatro vereadores da Capital, Dalmo Meneses, Dinho, Josimar Mamá e Noemi Leal, também não dão quaisquer sinais de que poderão rever a palavra empenhada pela manutenção do acordo que asseguraria o apoio do UB ao projeto de reeleição de Topázio Neto.
Detalhes
Há muitas nuances nessa queda-de-braço, que tem tudo para terminar nas barras da Justiça. Antes disso, tudo indica, salvo uma grande reviravolta, que haverá intervenção no diretório municipal do UB em Florianópolis, instância partidária controlada por Gean Loureiro.
Esconde-esconde
Uma das nuances nesse imbróglio todo começa a transparecer agora. O próprio Gean admitiu que está jogando com o regulamento embaixo do braço. Explica-se. Como o UB nasceu recentemente da fusão dos agora extintos DEM e PSL, os prazos da Justiça Eleitoral em relação ao partido seriam diferenciados.
Goela-abaixo
E que não haveria mais tempo hábil para mudar a decisão da executiva municipal, controlada por Gean, de indicar uma ex-secretária dele, Maria Cláudia Goulart, como candidata a vice de Dário Berger (PSDB).
Geleira geral
Então pode-se concluir que o ex-prefeito escondeu o jogo para ganhar tempo e está prestes a dar uma rasteira nos próprios companheiros.
Irreversível
Isso porque se a convenção do partido for mantida para sábado e Gean passar o nome de Maria Cláudia como vice de Dário, não haverá mais possibilidades, do ponto de vista interno, partidário, de mudar o quadro.
Ligações
Não custa rememorar que Fábio Schiochet, o comandante estadual do União, é também o tesoureiro da executiva nacional do partido e umbilicalmente ligado a Antônio Rueda, presidente nacional do UB. Cargo que assumiu após dar um xeque-mate no ex-comandante, Luciano Bivar.
Reação
Certamente os dois, Schiochet e Rueda, não vão deixar barato, acelerando os trâmites internos para dar um chega pra lá em Gean.
Musculatura
O ex-prefeito, registre-se, é um grande ativo do UB hoje na região da Grande Florianópolis. Tanto é verdade que já disputou o governo estadual, embora tenha ficado num modesto quarto lugar lá em 2022. Mas tem um recall e uma certa estadualização do nome.
Força do mandato
Outro aspecto importante a partir da disputa interna. Fabio Schiochet optou por ficar ao lado dos deputados e vereadores pela força dos mandatos. Gean está sem mandato apesar de ainda ser popular e de ser lembrado como um grande prefeito. Sem contar que o presidente estadual da sigla também transparece, por estar irredutível, que está apostando que Topázio tem mais chances do que Dário no pleito de outubro.
Lar, doce lar
Os signatários do acordo que foi firmado com Topázio Neto lembram que essa decisão foi tomada na casa do próprio Gean Loureiro.
CNPJ
Com o PSDB caindo pelas tabelas seus poucos deputados federais asseguram um tempo diminuto de rádio e TV para a campanha de Dário Berger. O ingresso formal do União Brasil na chapa liderada pelo neotucano garantiria a ele um outro patamar neste quesito importante para as eleições onde há emissores de TV. O União tem uma das maiores bancadas da Câmara Federal.
Tacada
Ao fim e ao cabo, se Gean conseguir levar o CNPJ do partido para o projeto de Dário Berger, ele se fortalece caso o tucano vença as eleições e pode sonhar com uma candidatura viável a deputado estadual em 2026. Hoje, contudo, Topázio é o favorito à reeleição.
Ostracismo
Caso o grupo de mandatários do União vença a parada, Gean não terá outro caminho a não ser deixar o partido. Enfraquecido, ficará com poucas perspectivas eleitorais para o futuro próximo.
Imagem: Arquivo, divulgação.