23 de novembro de 2024
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Saúde

Menos de metade do público alvo vacinou-se contra a paralisia infantil, diz MPSC

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Índice de imunização ficou em 43%, muito inferior à meta de 95%

Menos da metade do público alvo da campanha de vacinação contra a poliomielite – a paralisia infantil – foi vacinado contra a doença em Santa Catarina. O levantamento foi realizado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) junto à Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Segundo o relatório, apenas 43% das crianças foram imunizadas no estado. A meta preconizada é de 95%.

As maiores cidades catarinenses tiveram índices de cobertura muito abaixo do esperado. Em Joinville, apenas 20% do público alvo foi imunizado. Em Florianópolis, o índice ficou em 17%. Blumenau, com a terceira maior população, vacinou apenas 24%. O pior resultado em Santa Catarina ficou com Lages, que tem a 10ª colocação no ranking populacional, com 164 mil habitantes, e registrou 13% de cobertura vacinal. O quadro motivou uma apuração de possíveis falhas do poder público na conscientização e divulgação da importância de imunizar as crianças.

 

A campanha de vacinação no estado ocorreu entre 27 de maio e 14 de junho, e aplicou 15.264 VIPs (vacinas injetáveis contra a poliomielite) para a atualização do esquema primário de crianças menores de um ano de idade. Também foram aplicadas 168.633 VOPs (vacinas orais contra a poliomielite), direcionadas a crianças de um a quatro anos de idade.

O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Saúde Pública do MPSC, Promotor de Justiça Douglas Roberto Martins, destaca que a campanha terminou com números preocupantes de cobertura vacinal no estado. “Estamos sugerindo às Promotorias de Justiça que analisem os dados coletados junto à DIVE em relação à quantidade de doses aplicadas e o percentual de cobertura alcançado em cada Gerência Regional de Saúde e em cada município. Dessa forma, poderão avaliar a necessidade ou não de atuar nos casos de baixa adesão à campanha, de modo a apurar possível ineficiência ou omissão do poder público na busca por atingir a cobertura vacinal mínima”, explica Martins.

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O coordenador do CSP informa, ainda, que as Promotorias de Justiça podem, com as Secretarias Municipais de Saúde, pensar em formas de diálogo, esclarecimento e convencimento dos pais sobre a importância da imunização. Eventualmente, podem buscar o apoio de médicos e profissionais da área da saúde que sejam respeitados no município e tenham vínculo com as famílias.

Doença foi erradicada, mas baixa imunização acende alerta

A poliomielite é uma doença viral muito contagiosa entre crianças de até cinco anos, que pode causar paralisia infantil em membros superiores e inferiores. Graças à vacinação em massa nas décadas de 1980 e 1990, já faz 30 anos que a doença foi erradicada no Brasil, porém o baixo índice de imunização registrado nas últimas campanhas está gerando preocupação sobre um possível retorno.

“Se houver uma criança infectada no mundo, as crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Enquanto a doença não for erradicada por completo, os riscos são extremamente grandes, por isso é importante manter altas taxas de cobertura vacinal e vigilância constante das autoridades”, alerta o Promotor Douglas Martins.