Foto: Fernando Bortoluzzi/TVBV Online
Fumaça das queimadas, baixa umidade do ar e possibilidade de ‘chuva preta’ preocupam órgãos de segurança
A fumaça das queimadas que atingem a região centro-norte do Brasil, Bolívia e Paraguai, combinada a uma intensa massa de ar seco e quente, têm afetado de forma considerável a qualidade do ar em Santa Catarina, principalmente nas regiões Oeste e Extremo Oeste. Isso levou as Secretarias de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDC), de Saúde (SES), do Meio Ambiente e da Economia Verde (SEMAE) e também o Instituto do Meio Ambiente (IMA) a emitirem, nessa quarta-feira (11), uma nota conjunta alertando para os riscos à saúde pública.
Segundo IMA, estações de monitoramento do ar localizadas nos municípios de Tubarão e Capivari de Baixo, no Litoral Sul, registraram concentrações de partículas inaláveis (MP10) entre 80 e 130 μg/m³, valores que configuram um Índice de Qualidade do Ar entre moderado e ruim.
De acordo com a Central de Monitoramento da Defesa Civil, o transporte da fumaça tem sido acompanhado em tempo real. “Estamos monitorando constantemente as condições e o avanço da fumaça pelo estado. A situação requer atenção redobrada, principalmente nas regiões mais afetadas pela baixa umidade e pela poluição. A orientação é que a população siga as recomendações de proteção, especialmente as pessoas que fazem parte de grupos de risco”, afirmou o gerente do monitoramento e alerta Frederico Rudorff.
“Além da fumaça das queimadas alguns outros fatores também podem colaborar com o atual cenário, como a direção do vento que transporta os poluentes, a hora do dia e as condições atmosféricas, como tempo seco que favorece a permanência do poluente em suspensão, ou chuvoso, que possibilita a limpeza do ar removendo partículas de poeira, poluentes e outras impurezas”, explica o diretor de Controle e Passivos Ambientais do IMA, Diego Hemkemeier Silva.
A Capital catarinense sentiu nessa quarta-feira os efeitos do tempo seco e do calor. Um incêndio de grandes proporções atingiu uma área de mata no bairro Saco dos Limões . O fogo se alastrou em uma área de morro e pela vegetação nativa. Nesta quinta (12), a fumaça era facilmente observável nas áreas centrais da cidade.
O site suíço IQAir, que monitora a qualidade do ar em cidades de todo o mundo, classificou os índices em Florianópolis como “Insalubre para Grupos Sensíveis”. O monitoramento, realizado por meio de satélite, uma vez que não há sensor de níveis de poluição na cidade, aponta para uma concentração de partículas inaláveis de 51 μg/m³, 10 vezes mais alta do que a base recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda segundo o monitoramento do IQAir, a tendência é que a qualidade do ar decaia ainda mais nesta sexta-feira (13) e sábado (14), podendo chegar a ser classificada como “Insalubre” para a população em geral.
Impactos na saúde
Um Aviso Meteorológico da Defesa Civil está ativo desde o último domingo (8) com atenção voltada também para as possíveis consequências à saúde por conta da baixa umidade relativa do ar, que se encontra a níveis de 30%, mas especialmente no Grande Oeste e Planaltos, onde os índices chegaram a 20% nesta semana.
Nestes níveis, grupos mais sensíveis como crianças, idosos e pessoas com doenças preexistentes podem estar suscetíveis a efeitos como desidratação, agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares.
Segundo a nota conjunta, sintomas como irritação nos olhos, tosse e garganta seca e dificuldade para respirar podem ser relatados com maior frequência. Além de sintomas respiratórios, a baixa umidade do ar pode estar relacionada também com aumento de episódios de dor de cabeça e lesões de pele, como a dermatite atópica e dermatite de contato.
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Recomendações para a População
• Hidratação: Beber água regularmente, mesmo sem sentir sede, para manter o corpo hidratado. A ingestão abundante de água é a melhor medida para garantir a hidratação.
• Ambientes internos: Utilizar umidificadores de ar ou recipientes com água para melhorar a umidade do ambiente.
• Exposição ao ar livre: Evitar atividades físicas ao ar livre, sobretudo pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crianças.
• Cuidados médicos: Procurar assistência médica caso persistam irritações ou sinais e sintomas respiratórios.
Chance de ‘chuva preta’
A nota conjunta levanta ainda preocupação para a ocorrência do fenômeno conhecido como “chuva preta” a partir desta sexta-feira (13). Isso porque a chegada de uma frente fria deve trazer chuvas para o estado, contaminadas pela alta concentração de fuligem na atmosfera. Dessa forma, a precipitação pode apresentar uma coloração escura por conta da presença de partículas em suspensão no ar.
As autoridades afirmam que seguem monitorando a situação e novas atualizações serão divulgadas conforme o avanço das condições meteorológicas.