23 de novembro de 2024
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Policial

Malotes com R$ 18 mil: compra de votos é investigada no Sul catarinense

Foto: PCSC/Divulgação

Candidato a vice-prefeito, policiais e agentes públicos são suspeitos de envolvimento no esquema

A Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC) deflagrou na última quarta-feira (2) uma operação para desarticular esquema de corrupção eleitoral envolvendo a compra de votos no município de Laguna, no Sul do estado. Durante as diligências, o então candidato a vice-prefeito, Nilsinho Coelho (PP), foi pego com dois malotes contendo R$ 18 mil.

A operação, nomeada “Tempus Veritatis” (do latim, “Tempo da Verdade”), identificou ainda candidatos, agentes públicos e até mesmo policiais supostamente envolvidos no esquema criminoso. A ação foi conduzida pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Laguna, em conjunto com a Delegacia de Combate à Corrupção (DECOR/SUL), a Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de Laguna e a Delegacia de Polícia da Comarca (DPCO).

 

Envelopes com nomes e valores

As primeiras diligências no âmbito da investigação ocorreram na sexta-feira (2) em um sítio que pertence a um ex-agente público de Laguna, que não teve identidade divulgada. Segundo as investigações, o local era utilizado para ocultar “expressivas quantias em dinheiro destinado à cooptação ilícita de eleitores para um determinado partido político”.

Segundo a PCSC, os principais suspeitos deixaram o local às pressas logo antes da chegada dos investigadores, tendo sido alertados por um vazamento de informações. Entretanto, foi durante essa diligência que novos envolvidos no esquema criminoso foram identificados.

Durante as buscas no sítio, foram apreendidos documentos cruciais, que apontam para a possível prática de corrupção eleitoral, incluindo envelopes com valores anotados e listas contendo os nomes de possíveis eleitores aliciados.

Candidato era acompanhado por policial supostamente cooptado no esquema

A segunda fase da Tempus Veritatis foi deflagrada na sexta-feira (4). Na ocasião, dois malotes contendo R$ 18 mil foram encontrados em posse de Nilsinho Coelho, que estava na companhia de um policial penal. Os alvos estavam em um dos dois carros que eram acompanhados pelos investigadores, que identificaram os veículos como utilizados para a compra de votos.

Para a Polícia Civil, as evidências sugerem que o dinheiro em espécie encontrado seria usado para a compra ilegal de votos. O segundo veículo, conduzido por um funcionário comissionado de um deputado estadual, também transportava uma quantia em dinheiro, material de campanha e uma de fogo falsa.

O dinheiro e os materiais de campanha foram apreendidos e, segundo Coelho em vídeo publicado nas redes sociais, o então candidato também teve o celular apreendido.

Já no sábado (5), uma terceira fase da operação foi deflagrada, quando foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em imóveis de candidatos. Na ocasião, foram coletados aparelhos eletrônicos, que serão utilizados pela instrução do inquérito policial.

Nilsinho: Dinheiro era para pagar funcionários

Nilsinho Coelho (PP) era candidato a vice-prefeito de Laguna na chapa com Mauro Candemil (MDB). Os candidatos ficaram em segundo lugar nas eleições realizadas nesse domingo (6), com 35,94% dos votos.

No vídeo publicado em ser perfil no Instagram na sexta-feira (4), com a legenda “Que show da xuxa é esse?”, Coelho se disse surpreendido com a informação publicada na imprensa de que foi abordado com uma grande quantia de dinheiro para compra de votos. “Fui hoje apreendido, tratado como um bandido, com R$ 18 mil em espécie, indo pagar meus funcionários, um terço da minha folha que eu pago para eles”.

“Quero dizer que tenho muitos funcionários esperando esse dinheiro chegar para poder cumprir meus compromissos. Para minha surpresa, tive o meu celular apreendido sem um mandato de busca. A minha ferramenta de trabalho, onde uso com os meus eleitores para marcar reuniões durante essa campanha”, exclamou o então candidato.

Investigação segue em andamento

Em nota, a Polícia Civil ressaltou nesta segunda-feira (7) que todos os envolvidos, incluindo os policiais suspeitos de envolvimento no esquema, já foram devidamente identificados. As investigações prosseguem sede da DIC de Laguna, sob a liderança do delegado Bruno Fernandes.

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Fernandes ressaltou a importância da ação. “A Polícia Civil é, acima de tudo, uma instituição comprometida com o Estado Democrático de Direito. Nossa missão é garantir que o processo eleitoral ocorra de forma justa e transparente, livre de influências criminosas que possam comprometer a vontade popular”.

O delegado Ricardo Kelleter, da DECOR/SUL, que trabalhou em conjunto na operação, acrescentou que “essa ação demonstra que a corrupção eleitoral não será tolerada em Santa Catarina. Estamos determinados a investigar e responsabilizar todos os envolvidos, independentemente de sua posição ou influência”.