Foto: José Cruz/Agência Brasil
Dois mandados foram cumpridos na Grande Florianópolis
A Polícia Federal (PF) prendeu em Florianópolis, na manhã desta terça-feira (26) um integrante de uma organização criminosa que faturou R$ 6 bilhões em um complexo sistema financeiro paralelo voltado a organizações criminosas em diversos países.
A Operação Tai-Pan apura os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e outros apontados ao longo do processo. Cerca de 200 policiais federais cumprem 16 mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão, sendo um deles em São José, na Grande Florianópolis.
Além das prisões e das buscas, a Justiça Federal determinou também o bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 10 bilhões de reais, em mais de 200 pessoas jurídicas.
Em alguns endereços, após representação da PF, foi autorizada a participação de servidores da Receita Federal nas buscas para fins de análise fiscal.
Locais onde foram cumpridos mandados
- Campinas/SP
- Cajamar/SP
- São Paulo/SP
- Guarulhos/SP
- Itaquaquecetuba/SP
- Foz do Iguaçu/PR
- Vila Velha/ES
- Florianópolis/SC
- São José/SC
- Feira de Santana/BA
- Fortaleza/CE
- Brasília/DF
- Exterior
R$ 120 bilhões movimentados para criminosos
As investigações iniciaram em 2022 e revelaram que o esquema contaria com a participação de dezenas de pessoas, entre estrangeiros e brasileiros nas mais variadas funções, inclusive policiais militares e civis, gerentes de bancos e contadores.
Os suspeitos, bem como as pessoas e empresas que transacionaram com o sistema paralelo, movimentaram o valor de R$ 120 bilhões nos últimos anos. O objetivo do grupo, segundo a PF, era atender a um fluxo constante de dinheiro para a China.
Porém, a organização passou a atender a qualquer pessoa que quisesse ocultar capitais, lavar dinheiro ou enviar ou receber dinheiro do exterior. Os investigadores descobriram também indícios de envolvimento de grupos criminosos voltados ao tráfico de drogas, de armas, contrabando, descaminho e outros crimes.
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O sistema financeiro paralelo movimentou valores dentro do Brasil e também nos Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai e especialmente Hong Kong e China, para onde se destinava a maior parte dos recursos de origem ilícita.
Estima-se prejuízo aos cofres públicos de aproximadamente R$ 2 bilhões de reais e evasão de divisas em montantes que superam a casa dos R$ 5 bilhões.
Origem dos recursos
De acordo com a Receita Federal (RF), o dinheiro movimentado para o exterior tem origem em pirâmides financeiras, descaminho, contrabando, tráfico de drogas e ocultação de recursos oriundos de caixa 2. O dinheiro era enviado ao exterior meio do processo conhecido como dólar-cabo, além de câmbio de moeda em território nacional, uso de empresas de fachada, operações de importações fictícias e direcionamento de capital para uma empresa que comercializa criptoativos.
Ainda segundo a Receita, uma importante origem dos recursos é o comércio popular de produtos contrabandeados ou frutos de descaminho, principalmente em São Paulo, em decorrência de fartas transações em espécie. Os criminosos constituem empresas de fachada e usam seus dados para abertura de contas bancárias, disponibilizando senhas para que os doleiros passem a ter livre movimentação dos recursos.
Os doleiros acabam funcionando como instituições financeiras, que também atendem empresas em atividades lícitas, mesclando valores ilícitos dentro de suas movimentações financeiras, disponibilizando para seus clientes valores em espécie ou criptoativos no exterior.