O mar invadiu o Balneário Esplanada, no Sul do estado. Imagem: Reprodução / Cedida / TN Sul.
Por: Flávio Jr / TVBV / Online.
O fenômeno teve origem meteorológica, invadiu ruas, derrubou muros, arrancou plantas e portões
O fenômeno foi registrado entre a noite do último domingo (01) e a madrugada desta segunda-feira (02) nos balneários Esplanada e Arroio Corrente, em Jaguaruna no Sul do Estado. No Balneário Explanada o tsunami meteorológico avançou pela localidade deixando um rastro de estragos e assustando os moradores do balneário. A maré invadiu ruas, derrubou muros, arrancando plantas e portões.
Moradores da localidade afirmaram que era possível avistar uma tempestade de raios em alto-mar. Logo em seguida uma onda gigante se formou e invadiu as ruas. Na manhã desta segunda a Defesa Civil de Jaguaruna trabalha para fazer o levantamento dos estragos.
O diretor da Defesa Civil de Jaguaruna, Maicon Goulart Laureano, explicou que foram de 15 a 16 quilômetros do litoral que foram atingidos pela foraça do mar. “Nos locais onde existem dunas o mar não conseguiu ultrapassar, pois elas serviram de barreira natural. Danos humanos não foram registrados devido ao horário da ocorrência”, explicou o coordenador. Ele acredita que a situação poderia ter sido mais grave se ocorresse no final de semana quando muitas pessoas desfrutam da faixa de areia.
Segundo o gerente de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil Estadual, Frederico Ruthorff, o fenômeno foi provocado pela passagem de uma frente fria associada a uma linha de instabilidade. A situação é formada por três fatores, pressão atmosférica, vento e ondas grandes. “O fenômeno é raro, geralmente ocorre na passagem de linhas de instabilidade atmosféricas intensas. É uma situação rara e perigosa que é provocada por uma ressonância com o mar que gera a onda”, explicou o oceanógrafo.
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Confira as imagens dos estragos:
Tsunamis meteorológicos em SC
Esta não e a primeira vez que um tsunami meteorológico atinge o litoral catarinense. Em novembro de 2009 o fenômeno ocorreu na Praia do Pântano do Sul, em Florianópolis, causando prejuízos para moradores, comerciantes e pescadores. Barcos e veículos chegaram a ser arrastados pela força do mar.
Outro caso foi registrado na Praia do Cardoso, em Laguna, no Sul do Estado, no dia 11 de novembro de 2016. Na ocasião carros que estavam na faixa de areia foram arrastados deixando as pessoas que estavam no local perplexas. Em outubro de 2019 o tsunami meteorológico foi registrado em diversos pontos do litoral. Os registros tiveram início no Balneário Rincão, em seguida, Imbituba e Florianópolis, as ondas se dissiparam apenas em Balneário Camboriú. Na Guarda do Embaú, em Palhoça, a força do mar avançou pela foz do rio da Madre surpreendendo moradores e turistas. A velocidade das ondas oscilou de 80 a 100 km/h.
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Defesa Civil confirma o fenômeno
Em nota, divulgada na manhã desta segunda-feira (02) a Defesa Civil estadual confirmou o fenômeno. No texto ressaltou que o tsunami meteorológico é raro e difícil de prever e que a estação maregráfica de Balneário Rincão, localizada na cidade vizinha, registrou um aumento repentino da maré de um metro em um curto intervalo de tempo. Confira a nota:
Na madrugada desta segunda-feira (02), a região costeira de Jaguaruna registrou um avanço súbito do mar em direção ao continente, por volta da 01h da manhã, percorrendo uma longa extensão de terra. Esse fenômeno, conhecido como tsunami meteorológico, é raro e difícil de prever. A estação maregráfica de Balneário Rincão, cidade vizinha, registrou um aumento momentâneo da maré de 1 metro em um curto intervalo de tempo, associado a esse evento.
Esse fenômeno pode ser claramente diferenciado de ressacas ou agitações marítimas, pois os modelos não indicavam mar agitado nem maré alta. Além disso, no momento da ocorrência, uma intensa Linha de Instabilidade (LI) estava presente no Litoral Sul, coincidente com o avanço do mar, o que permite classificar o evento como um tsunami meteorológico.
As Linhas de Instabilidade são formadas por aglomerados de tempestades dispostas de maneira alinhada. Quando essas linhas passam paralelamente à costa, podem provocar alterações abruptas na pressão atmosférica e rajadas de vento intensas, o que contribui para o avanço da água do mar em direção à praia.
De forma técnica, as linhas de instabilidade provocam “pulsos” de pressão atmosférica que se propagam perturbando as águas da plataforma continental, que por sua vez tem velocidade de propagação muito próxima à velocidade de avanço da linha de instabilidade, possibilitando uma ressonância quase perfeita entre a atmosfera e o oceano. Assim, a altura da onda é amplificada e, ao se propagar em direção à costa, pode aumentar ainda mais rapidamente, atingindo vários metros em poucos minutos. Esse fenômeno provoca uma elevação súbita do nível do mar, podendo gerar ressacas e inundações costeiras. O alcance da inundação dependerá da inclinação da praia e da presença ou ausência de dunas.
Apesar da raridade do fenômeno, outros tsunamis meteorológicos foram observados nas últimas décadas no Litoral Sul de Santa Catarina, sempre durante o período da primavera. O último registrado ocorreu no ano passado, no dia 11 de novembro, no município de Laguna.
A Secretaria da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina orienta que a população se mantenha atenta às atualizações da previsão do tempo, além dos Avisos e Alertas Meteorológicos emitidos no site e mídias sociais.
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