7 de setembro de 2024
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Rodrigo C. Medeiros

Aluguel ou financiamento (imóvel próprio)?

“Compre financiado, pelo menos está pagando o que é seu. No aluguel você fica dando dinheiro para os outros, jogando fora.”
“Alugue, é mais eficiente financeiramente, com este dinheiro você ganha mais investindo, paga o seu aluguel, o condomínio, o IPTU e algumas vezes até sobra.”

Quantas vezes você já escutou uma dessas frases, ou até mesmo já disse uma dessas frases?

A verdade é que as duas frases estão erradas, melhor, não estão totalmente corretas.

Quem diz que ao comprar financiado você está pagando o que é seu e não pagando os outros esquece que no financiamento você paga juros e, para a maioria das pessoas, os juros costumam ser bem acima de 6% ao ano, percentual médio de um aluguel. É uma ilusão acreditar que pagar juros é pagar por algo seu. Os juros são a remuneração do dinheiro que o banco lhe cobra, simples assim. Já o aluguel é a remuneração do dinheiro/imóvel que o proprietário te cobra. É bem comum o percentual do aluguel ser bem menor que o percentual dos juros, com raras exceções, ou seja, o aluguel costumar ser bem menor que os juros.

Rodrigo, fim de discussão, alugar é melhor do que financiar!

Calma pequeno gafanhoto, não se precipite nas conclusões, em finanças as respostas não são assim tão simples, vamos para a segunda afirmação.

Quem faz a segunda afirmação ignora o detalhe mais importante sobre os imóveis, a inflação. Imóveis possuem a capacidade de ter uma valorização alinhada com a inflação, não exatamente a inflação, mas alinhada com ela. Enquanto isso, no Brasil o modelo mais comum de financiamento imobiliário usa a TR para corrigir o saldo devedor e, consequentemente, as prestações. Além disso, os aluguéis também sobem com base na inflação, algumas vezes acima dele, caso os imóveis tenham uma forte valorização.

Nos últimos 20 anos (06/2003 a 06/2023) a inflação média do IGPM foi de 6,93% a.a., enquanto isso a TR teve uma média de 1,12% a.a., para o mesmo período. A diferença entre a valorização do imóvel e a TR vai para o seu patrimônio e poderíamos descontar dos juros que foram pagos.

Assim, no final das contas, os valores gastos com juros, descontando a valorização que o seu patrimônio observa, acabam sendo semelhantes ao que você gastaria com aluguel. Isso faz com que, do ponto de vista financeiro, comprar ou alugar não tenha tanta diferença como tentam defender, sendo que a decisão vai pender mais para um lado ou mais para o outro a depender do momento econômico que vivemos.

Penderá mais para a opção de comprar com financiamento quando os valores dos imóveis estão mais depreciados. Por sua vez, penderá mais para a opção de alugar quando os valores dos imóveis estão muito valorizados.

Perfeito, mas agora você deve estar se perguntando “se do ponto de vista financeiro eu não consigo desempatar a minha decisão, qual métrica eu devo usar?”. A minha resposta é simples, você deve avaliar o momento da sua vida profissional e familiar, ela é a principal métrica para você decidir entre comprar ou alugar em razão dos custos que envolve a troca de um imóvel comprado e de um imóvel alugado, mas isso é papo para uma próxima coluna.

Foto: Freepik/Reprodução