21 de novembro de 2024
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Rodrigo C. Medeiros

Como um servidor público deve investir?

O servidor público que quiser construir um bom patrimônio financeiro precisará equilibrar a equação mais importante que existe, a do Risco X Retorno.

Ele já optou por uma carreira de baixo risco financeiro, proporcionando um bom nível de estabilidade financeira, por isso, sempre recomendo que ele busque equilibrar esta equação, inserindo investimentos com riscos mais elevados e, consequentemente, com retornos potenciais maiores.

Antes de continuarmos, deixa eu me apresentar, novamente, com uma parte da minha vida profissional que nem sempre é conhecida. Meu nome é Rodrigo Costa Medeiros e fui servidor público concursado da Justiça Federal por 20 anos, dos quais, 15 anos foram dedicados ao cargo de Diretor. Dois anos após entrar no serviço público me despertei para o universo das finanças, comecei a investir e estudar muito este universo. Consegui trabalhar por alguns anos como analista de valores mobiliários e servidor público. Depois de conseguir construir a minha independência financeira, decidi pedir exoneração do serviço público e me dedicar exclusivamente ao universo das finanças.

Decidi fazer esta breve reapresentação apenas para situar o leitor sobre quem é o autor. A explicação que darei a seguir, sobre o primeiro parágrafo, foi aplicada na prática em minha vida pessoal e funcionou.

Um servidor público concursado optou por uma carreira de baixo risco financeiro, uma vez que a possibilidade de demissão ou redução salarial é muito pequena. Cito “baixo risco” e não “sem risco”, pois quem é servidor público sabe que há riscos financeiro sim. Não é incomum um servidor público ficar anos sem reajuste salarial e a sua remuneração perder o poder de compra frente à inflação. Apesar disso, não é como na iniciativa privada, que, do nada, você pode ser demitido, ou, do nada, você pode perder 50% do seu salário. Há outros riscos financeiros, mas o objetivo é passar a ideia comparativa de quem está na iniciativa privada, para podermos entender adequadamente o artigo, sem estender demais no tema.

Pois bem, a opção foi por uma carreira com mais baixo risco financeiro tem um contraposto, afinal, toda moeda possui dois lados. O contraposto é que os ganhos financeiros também são limitados. Apesar de bons, sempre serão limitados ao seu cargo, independentemente do seu nível de destaque dentro da instituição, totalmente diferente da iniciativa privada.

Assim, eu defendo que esta categoria de profissionais não deveria buscar aqueles investimentos tidos como de menor risco, como um CDB ou uma LCI, mas sim aqueles tidos como de maior risco, como os investimentos em bolsa de valores. Caso opte só pelos investimentos de mais baixo risco, você só terá opções financeiras em sua vida de baixo risco, a sua atividade remuneratória é de baixo risco e a sua opção de investimento é de baixo risco, logo, haverá um limite no quanto você terá de acumulação patrimonial.

No entanto, caso consiga equilibrar isso, inserindo investimentos com mais risco, o servidor público começa a melhorar esta equação e o seu retorno. Há um limite para o seu nível remuneratório na profissão, mas ele melhora o crescimento patrimonial com os investimentos.

E aqui há uma enorme vantagem, normalmente desperdiçada pelos servidores públicos. Pela segurança que o cargo público lhe proporciona, o percentual dos investimentos que podem estar em produtos com risco mais elevado é maior do que aquele que tem o risco de uma demissão imprevisível e imediata, aumentando o percentual do patrimônio com potencial de retorno.

Isso acontece pelo fato de que os investimentos tidos como de maior risco, mas especificamente a bolsa de valores, o são em razão da grande volatilidade de curto prazo, mas no longo prazo o retorno constuma compensar totalmente esta volatilidade. Como o servidor público tem esta maior estabilidade financeira profissional, ele vai ter este longo prazo para esperar e ter os retornos melhores.

Assim, não tenho dúvidas de que os servidores públicos concursados deveriam buscar investimentos de maior risco, especialmente a bolsa de valores, para conseguir potencializar a sua formação patrimonial.

Mas, importante. Não estou dizendo para você sair investindo em qualquer ação ou fundo imobiliário, é necessário ter conhecimento e consciência para fazer o investimento. E, aqui, novamente o servidor público concursado tem uma grande vantagem.

Sempre que fazemos o aconselhamento de um investidor é necessário buscar entender a sua vida profissional e a sua capacidade de estudar sobre investimentos. Um profissional liberal, como um médico, ou um advogado, quanto mais tempo ele se dedicar ao seu trabalho, maior será a expectativa de uma boa remuneração. A cada hora dedicada aos investimentos, será uma hora a menos de remuneração da profissão, motivo pelo qual esta conta precisa ser muito bem equilibrada para cada fase da vida.

Já o servidor público geralmente não tem esta situação. Dificilmente se ele trabalhar mais terá uma remuneração maior. Assim, o ideal é que ele use um pouco desse seu tempo para aperfeiçoar a capacidade de investir, buscando esses investimentos mais sofisticados e que vão auxiliar ele a equilibrar esta vida financeira de Risco X Retorno.

Foto: Freepik/Reprodução