Por Fernando Bortoluzzi | Foto: Fernando Bortoluzzi/TVBV Online
Mais de 40 mil pessoas do mundo inteiro terão a chance de participar da ‘Marathon Pour Tous’
Pela primeira vez na história, atletas amadores poderão participar de uma prova nas Olimpíadas de Paris, no mesmo circuito que atletas profissionais. A grande novidade da edição é a Marathon Pour Tous, ou, Maratona de Participação em Massa, que acontecerá na noite de 10 de agosto, logo após a prova da Maratona Olímpica masculina.
Se receber um convite para estar entre os 400 mil convocados, que irão realizar trajetos de 10 e 42 km, já é motivo de comemoração, imagine a felicidade do casal manezinho que vai ter a sorte de participar unido. Aline e José Aguiar são amantes do atletismo há 11 anos. A primeira vez que saíram para correr foi na Beira-Mar de São José, onde moram atualmente, e pegaram gosto pelo esporte. Eles estão entre os cinco catarinenses e cerca de 150 brasileiros que terão a chance de realizar um prova olímpica ao lado de mais de 40 mil maratonistas – alguns até mesmo iniciantes – de todos os cantos do mundo.
“É algo surreal. O Zé recebeu a confirmação em dezembro e eu até fiquei frustrada, ter que ir até lá e não poder participar. Aí quando chegou o meu e-mail em janeiro a minha vida mudou. Eu acordo e durmo pensando nisso”, conta a servidora pública.
Conquistar a oportunidade de representar Santa Catarina em Paris 2024 não foi fácil. A disputa começou com mais de outras 4,5 milhões de pessoas que baixaram o aplicativo oficial do evento e aceitaram o desafio. “O Comitê Olímpico Internacional lançou um aplicativo para se inscrever e realizar desafios que eram lançados. Tinha dias que era ‘Faça 10 km até o final do dia’. Conforme a gente ia cumprindo os desafios, íamos acumulando pontos. Quem fizesse mais de 100 mil pontos estava apto a concorrer a uma vaga para a Maratona”, explica Aline.
“É um evento grandioso”, comenta o marido. “Como todo atleta, a gente foca na corrida na hora da largada, mas será uma festa de interação entre atletas do mundo todo”. Porém, José destaca que nem tudo se resume a festa. Agosto já está logo aí, e a dupla passou os últimos quatro meses com dedicação máxima aos treinos.
“Eu já fazia maratonas e vou participar da prova de 10 km, mas a Aline nunca fez os 42 km que ela vai participar, e a prova é inclusiva justamente por isso. Em torno de 25% dos atletas que participarão nunca fizeram uma maratona antes”, explica o consultor em educação. A rotina até então foi composta por três treinos por semana, percursos longos aos finais de semana e acompanhamento nutricional. Mas, segundo Aline, este será o último final de semana de preparação.
“Tenho que descansar para a prova. O que mais preocupa é o horário, porque a maratona larga às 21h. Normalmente, essas provas acontecem de manhã cedo, mas essa será à noite, é bem diferente. Vamos estar terminando a prova por volta da 1h”. A escolha do horário se deu para proporcionar uma experiência mais tranquila para os atletas amadores, já que os Jogos Olímpicos acontecem no verão do hemisfério norte.
Nas próximas três semanas, o principal desafio de Aline e José será segurar a emoção. Afinal de contas, se ir para uma Olimpíada como um espectador já é um privilégio, participar como atleta é um sonho nunca antes imaginado. “Os Jogos Olímpicos geralmente são só para aqueles atletas muito bons, e aí a gente se vê como atletas comuns, que não são de performance, é bem emocionante poder participar”, finaliza Aline.
Trajeto inspirado na Revolução Francesa
A Marathon Pour Tous inicia às 21h no horáio local, partindo do Hôtel de Ville, no centro de Paris. O trajeto de 42 km, o mesmo da maratona Olímpica, passará por Versalhes e termina de volta na Esplanada Invalides. O caminho escolhido não foi por acaso: ele remonta um momento-chave da história da França e da Revolução Francesa: a Marcha das Mulheres em Versalhes, em 5 de outubro de 1789.
Este foi um episódio revolucionário da história, em que milhares de mulheres marcharam ao palácio do rei Luís XVI, forçando-o com sua família a retornar a Paris – onde as pessoas enfrentavam a fome. Luís XVI nunca mais deixou Paris e assinou a Declaração dos Direitos do Homem e dos Cidadãos, que ele se recusara a fazer anteriormente.
