2 de julho de 2024
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Economia

Demora na chegada do frio tem vendas de inverno ‘mornas’ na Capital

Por Fernando Bortoluzzi | Fotos: Fernando Bortoluzzi/TVBVonline

Expectativas frustradas da estação mais gelada levam o varejo a se adaptar para atrair clientes

É perceptível o atraso na chegada do frio no inverno deste ano, que iniciou oficialmente na última quinta-feira (20). Mesmo com as temperaturas um pouco mais amenas, comerciantes da Capital catarinense já vêm sentindo, desde a estação passada, os impactos nas vendas de roupas e eletroeletrônicos. Com isso, precisam adaptar os preços e o estoque para esse meio-termo nos termômetros.

A loja de vestuário gerenciada por Isabel Rodrigues, na tradicional via comercial que é a Rua Felipe Schmidt, vê os efeitos do sobe e desce das temperaturas nas vendas. “Por enquanto ainda está devagar. Estamos aguardando, porque vem um friozinho, aí volta a esquentar, então as pessoas estão aguardando para ver se realmente vai fazer frio. Há três anos, a gente tinha um inverno totalmente diferente, atendíamos muito mais clientes. Ano passado já não foi um ano de vendas expressivas e este ano ainda estamos com a expectativa”.

 

A temporada na loja oferece tudo o que a estação mais fria do ano pede: peças de lã, casacos e moletons. Entretanto, segundo Isabel, a estratégia da vez é variar os cabides com roupas mais leves. “A gente já não tem mais tanto estoque de roupas de inverno quanto em dois, três anos atrás, que a gente se preparava com uma quantidade muito maior. Nem os moletons estão saindo como em outros anos. O que tem saído mais são moletinhos, suéteres e os corta ventos, que também são usados no verão”, conta a gerente.

Aquecendo as vendas

O que deu fôlego para as vendas para o frio, ainda segundo Isabel, foi o Dia dos Namorados. Mesmo com a procura mais baixa em relação a outros anos, a data comemorativa às vésperas do inverno aqueceu as vendas. Uma pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio SC) mostrou que o setor mais buscado para presentear os amados neste ano foi o de vestuário, seguido de alimentação e variedades.

A pesquisa confirma o crescimento mais baixo no faturamento do Dia dos Namorados em relação aos dois anos anteriores (13,7%, em comparação a 14,7% e 14,4%). Porém, a data rendeu o maior lucro desde 2018 em relação aos outros meses do ano no comércio de Santa Catarina, com uma alta de 19%. A economista da Fecomércio, Edilene Cavalcanti, explica que os consumidores estão mais cautelosos, mas as expectativas são positivas. “A intenção de consumo do catarinense registrou o maior valor para o mês de maio na história. Então, a expectativa é que até o final do inverno haja uma alta movimentação financeira no setor de vestuário”.

Enquanto o frio não chega para valer, outra saída possível para atrair os clientes é buscar não pesar tanto o bolso. “A orientação para os lojistas é que façam promoções e aproveitem esses dias de mais frio para que os consumidores de fato comprem estes produtos. Condições de pagamento facilitadas também serão um bom atrativo pros consumidores”, conclui a economista da Fecomércio.

Boas opções de parcelamento e juro mais baixo também são truques na manga. “Para puxar os clientes nesse inverno, a gente está colocando peças mais em conta na vitrine. Temos uma mesa com conjuntos em preços mais acessíveis, blusinhas a R$ 49,90”, conta Adriane Macário, gerente de outra loja de roupas no Centro de Florianópolis

Com foco em moda praia, a comerciante também precisa se adaptar para a mudança de estação. Mas esse inverno morno também atrapalhou as vendas. “Os casacos vieram bem antes e estava bem difícil vender. Mas mesmo com essa esfriadinha, o movimento não está tão bom. Por mais que a previsão aponte para o frio, acho que o pessoal está se segurando porque não acha que vai ser um inverno rigoroso”.

O que diz a previsão?

A previsão climática dos meteorologistas da Epagri não é tão positiva para as vendas de roupas de frio quanto as expectativas do comércio. Nesses três meses de inverno, são esperadas temperaturas acima da média histórica, ou seja, vai faltar frio na estação mais gelada. O que teremos são episódios de temperaturas mais baixas com a passagem de massas de ar frio com poucos dias consecutivos de atuação, intercalados com períodos mais aquecidos. Mas até mesmo veranicos com marcas de 30ºC não serão uma surpresa.

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Os reflexos da ausência do frio no inverno no varejo podem ser vistos também em outro setor, que é o dos eletroeletrônicos. “A saída de aquecedores a gás e elétricos, climatizadores, fogões e chaleiras elétricos com certeza foi menor. Estamos até tendo a procura de outros produtos que não costumamos ter nessa época, como ar-condicionado e ventiladores de teto”, conta Yata dos Santos, gerente de uma loja do setor no Largo da Alfândega.

Com a mudança constante das temperaturas, saber o que esperar proporciona segurança e novas estratégias para melhor se colocar a disposição ao consumidor. “Com as previsões, é feito todo um estudo semestral para entender quais serão as demandas, então as logísticas são rápidas, conseguimos a reposição desses produtos quando precisamos. Mas o mercado vem aquecido desde o começo do ano. Pra nós aqui da Ilha, quanto mais o tempo se manter ameno, melhor é para as vendas. Não para os produtos sazonais de inverno, mas para o geral,  porque vêm mais turistas para cá e todas as outras linhas terão procura. Até a linha hoteleira procura mais a gente”, explica Yata.