Foto: Michael Wensch/Domínio Público
Operação garantiu o bloqueio de US$ 2 mil em Bitcoin em nova conta especializada da corporação
A Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC) deflagrou nesta quinta-feira (10) uma operação com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes bancárias, que invadiu o sistema e subtraiu valores da Prefeitura de Pinheiro Preto, no Meio-Oeste catarinense.
Os policiais recuperaram, até o momento, um total de R$ 377 mil que tiveram origem dos cofres públicos, além do bloqueio de US$ 2 mil em criptomoedas, que foram transferidos para a nova conta da PCSC, criada especificamente para esse tipo de unidade monetária.
Ao todo, a Operação denominada “BitTrack”, conduzida pela Divisão de Repressão aos Crimes de Informática do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DRCI/DEIC), cumpriu 64 mandados de busca e apreensão em 13 estados brasileiros: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Pernambuco, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Roraima, Bahia, Pará, Maranhão e Goiás.
Dinheiro era convertido em Bitcoin para dificultar rastreamento
A investigação apurou que a organização criminosa invadiu o sistema gerenciador financeiro da Prefeitura de Pinheiro Preto e conseguiu subtrair os valores. O delegado Felipe Rosado, titular da DRCI/DEIC, explica que os criminosos enganavam os funcionários do município para fazer com que eles inserissem um vírus nos computadores. “A partir disso eles começavam a fazer atividades remotas nesses computadores da prefeitura e então conseguiram fazer a transferência desses valores”.
Em seguida, o dinheiro era transferido para diversas contas de pessoas “laranjas” e convertido em Bitcoin, uma moeda virtual que dificulta o rastreamento de transações e a identificação da fonte de origem.
Os Bitcoins eram então transferidos para carteiras digitais privadas na Blockchain, um sistema de banco de dados, onde a informação transita como uma corrente através da internet, o que facilita o registro descentralizado de transações e rastreamento de ativos. Dessa forma, os criminosos conseguiam repassar os valores para membros da organização operando em outros estados, com o objetivo de financiar atividades ilícitas.
A partir de uma ferramenta de inteligência chamada Chainalysis, os policiais da DRCI/DEIC conseguiram rastrear esses Bitcoins até os endereços digitais de carteiras pertencentes à cúpula da organização criminosa.
Operação é exemplo de uso de inteligência das forças de segurança
Segundo a PCSC, a cúpula dessa organização criminosa é composta por pessoas que já foram condenadas por crimes semelhantes aos investigados na Operação BitTrack, como invasão de dispositivo informático, furto mediante fraude, lavagem de capitais e organização criminosa.
Para desarticular as atividades do grupo, a Polícia Civil conseguiu, junto à Justiça, as medidas judiciais de bloqueio de veículos, contas bancárias e criptoativos, além do sequestro de bens e valores. Ainda durante os mandados desta quinta-feira, foram apreendidos computadores, que serão periciados para aprofundar as investigações e descobrir novos envolvidos.
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Para a PCSC, a Operação BitTrack é um exemplo de atuação conjunta das forças de segurança pública e inteligência, utilizando tecnologia avançada e estratégias integradas para combater o crime organizado. “A colaboração entre a Polícia Civil de Santa Catarina, a Coordenação Geral de Combate ao Crime Organizado e o Laboratório de Operações Cibernéticas demonstra o compromisso em proteger o sistema financeiro e as instituições públicas e privadas contra atividades ilícitas”, afirmou a corporação em nota.