23 de novembro de 2024
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Paulo Chagas

Exercício de 2023 na política catarinense começa efetivamente nesta semana

A semana começa com todos os poderes na plenitude dos exercícios. No Legislativo, a oficialização se dará nesta terça-feira (7), com o tradicional discurso do governador. Uma fala recheada de expectativa, pós eleição do Presidente e da Mesa Diretora da Casa. Deverá ser cauteloso, catedrático, com palavras de aproximação. Sabiamente, Jorginho terá que traduzir o atual momento com o objetivo de estabelecer a pregada harmonia. Obviamente, a fala será profunda e conciliadora, na medida. Provavelmente, também pregará a responsabilidade ligada às partes, em defesa da democracia e das reais necessidades do povo catarinense. Basicamente isso para o alcance no começo de um trabalho conciliador, e que possa sustentar a governabilidade. O roteiro já foi pré-concebido no discurso do presidente Mauro De Nadal, no dia em que foi conduzido à Presidência da Alesc, e pela maioria dos pares. Momento em que suscitou a necessidade do equilíbrio e tomada de decisões sensatas para Santa Catarina. Foto: Vicente Schmitt / Agência AL

PSD em convulsão?

Eron Giordani ao lado de Gean Loureiro cotado para presidir o PSD / Foto: Bruno Pace Dori/

O Partido Social Democrático não vive o melhor momento, principalmente após ter amargado a derrota nas eleições, quando teve nomes na majoritária, na condição de vice, com Eron Giordani, e no Senado, com Raimundo Colombo. O resultado do recente pleito deixou a sigla numa condição apequenada. Baixas substanciais devem ocorrer. Cito, por exemplo, a do prefeito de Chapecó, João Rodrigues que não deverá permanecer no partido. João é um dos poucos que tem a sustentação forte, para almejar algo maior no futuro. Quanto ao ex-governador Raimundo Colombo, os sucessivos insucessos eleitorais o colocam num patamar de descrédito, que dificilmente poderá alcançar algo maior daqui para frente. São problemas oriundos em decisões internas, erradas, tomadas pelo mandante da Executiva. Raimundo se submeteu ao que quis o então presidente Gelson Merísio, em outra ocasião, em que poderia ter sido aliado do MDB. Foi quando Jorginho Mello abraçou a oportunidade e foi eleito Senador. Desta vez, queria ser o indicado para concorrer ao governo, e Milton Hobus pensou diferente ao tratar da aliança com Gean Loureiro (UB), na formação da chapa para o Governo, forçando-o a ocupar a candidatura ao Senado. Por fim, agora, a constrangedora situação vivida pelo prefeito de Lages, Antonio Ceron que ainda se encontra preso por suposto envolvimento em corrupção, em processo desencadeado na Operação Mensageiro. Ceron já foi presidente da Executiva Estadual e é um forte nome da sigla, por governar uma das maiores cidades de Santa Catarina.

Possibilidade de CPI e  de impeachment

Câmara de Vereadores de Lages / Foto: Bruno Heiderscheidt de Oliveira

Ao citar a Operação Mensageiro envolvendo Lages e o gestor Antonio Ceron, nesta segunda-feira (06), a Câmara de Vereadores de Lages retoma os trabalhos após o recesso. A previsão será de muita discussão, provocada pela oposição em torno dos fatos recentes. O prefeito e secretários ainda se encontram detidos à disposição da Justiça. Desde o desencadeamento da Operação Mensageiro está sendo proposta a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Fato que pode vir a se consumar, pois, falta apenas uma assinatura. São necessárias seis. Há também, a ideia do impeachment. Nesse caso, ainda é prematuro. Seria um julgamento prévio, sem antes mesmo de ser consumada a culpa e a defesa. O certo que os trabalhos de hoje terão falas acaloradas. A oposição quer tirar o máximo de proveito diante das ocorrências policiais envolvendo os gestores.

Para refletir

Dia desses ouvi o jornalista Alexandre Garcia falar de uma questão pertinente, e que me fez refletir. Lembrou algo peculiar, e que muitas vezes a gente deixa de lado, como se natural fosse. A referência se dá na eleição de legisladores, em qualquer esfera. Pessoas escolhidas simetricamente pelo que propõem e pelo que representam na convicção do eleitor. Assumem assim, nas Câmaras de Vereadores, nas Assembleias Legislativas, na Câmara dos Deputados, e no Senado, a incumbência de ser desse eleitor, não só o representante, mas também de fiscalizador dos poderes. A inversão se dá, quando tem o Executivo, o poder de trazê-los para o seu meio, transformando-os em seus “servos”, como secretários ou ministros. Portanto, passam a servir a outro propósito, distante da função indicada pelo voto. Em suma, o eleitor perde seu representante, que passa a ter um novo exercício, com novas diretrizes, e um novo mandante. Um propósito amoral que tira de quem o elegeu, a legitimidade do voto. Mesmo sendo legal, o eleitor deveria passar a observar melhor toda essa inversão de papel, e pensar se isso é mesmo legítimo ou normal. Se elegeu um Legislador ou um mero secretário ou ministro, cumpridor de ordens, justamente daquele que deveria fiscalizar.