Em entrevista ao Portal TVBV, cantor conta como nasceu sua admiração pelo país
e projeta novas parcerias musicais com artistas brasileiros
Australiano, Ziggy Alberts viajou meio mundo para chegar a Florianópolis. O cantor foi atração do Floripa Eco Festival no último sábado (16) e disse estar realizando um desejo antigo ao tocar pela primeira vez no Brasil. Surfista antes de virar cantor, Ziggy alimentou o desejo de conhecer o Brasil quando teve contato com brasileiros que conheceu por meio do esporte em seu país. “Há uma grande comunidade brasileira na Austrália. Com a cultura do surf, há muita gente daqui que vai, fica e mora lá”, explica.
Ainda desconhecido por aqui, Ziggy admite diferenças entre seu trabalho e o que ouviu da música brasileira, mas enxerga semelhanças no que chama de “música focada na dança”. Tal convergência rendeu a faixa Rewind Dois, lançada com o gaúcho Vitor Kley em março de 2023 — parceria viabilizada graças à sua ex-namorada, que conhecia o brasileiro e promoveu o encontro. “Falamos: ei, nós temos essa música. É um pouco bossa nova. Você gostaria de colaborar? E minha surpresa é que ele disse sim”, relata o australiano.
Além do interesse no trabalho de Kley, Ziggy se declara fã de Seu Jorge. Pelo cantor carioca, a admiração foi à primeira vista, não apenas pela música em si, mas pelo estilo do brasileiro performando em um show de 2009, junto ao irlandês Damien Rice. Com calma e simpatia ímpares e trejeitos de um nativo de Florianópolis, Ziggy Alberts conta sobre o início da carreira tocando nas ruas, detalha suas impressões sobre o Brasil e expõe até um momento de surf na Ilha de Santa Catarina. Confira abaixo a entrevista completa.
Portal TVBV: Você viajou muito para estar aqui. Por que você escolheu o Brasil?
Ziggy Alberts: Então, eu estava sonhando em fazer um show aqui há muito tempo. Há uma grande comunidade brasileira na Austrália. Com a cultura do surf, há muita gente daqui que vai, fica e mora lá. E como no meu início eu estava tocando música na rua, acabava encontrando pessoas do Brasil que ouviam minha música. Há muito tempo eu queria vir.
Então é um grande desejo estar aqui. Eu estou querendo fazer este show aqui há anos. Porque eu estou em tour pelo mundo desde 2017. Já são seis anos. E todo mundo diz que para tocar no Brasil. As pessoas, a energia… é lindo. Eu desejo tocar aqui há muito tempo e hoje nós fizemos o sonho acontecer.
Portal TVBV: E sobre a parceria com Vitor Kley, como aconteceu?
Ziggy Alberts: Minha ex-namorada conhecia pessoalmente o Vitor Kley. Foi assim que eu conheci sua música. E então, eu já estava interessado em fazer um show no Brasil, já estava interessado na língua portuguesa. Eu já conhecia o Vitor Kley e era como um fã. E então nós falamos “ei, nós temos essa música. É um pouco bossa nova. Você gostaria de colaborar?” E… Minha surpresa é que ele disse sim. E então, aconteceu muito natural e eu estou muito agradecido.
Portal TVBV: Você enfim chegou e quais são as suas primeiras impressões sobre o Brasil e Florianópolis?
Ziggy Alberts: As pessoas são muito amigáveis. Você sabe, todas as pessoas são muito amigáveis. E eu vi apenas Florianópolis, porque cheguei direto. Passei por São Paulo e fiquei só três horas, no aeroporto. Então, a minha impressão é muito engraçada, porque nós até fomos surfar. Nós fomos para uma praia com o carro e isso é exatamente como uma praia em casa. Eu fiz um vídeo e poderia ser exatamente onde é a minha casa. Então, eu tive uma experiência realmente linda hoje. Eu só surfei.
Portal TVBV: E na música brasileira, do que você mais gosta?
Ziggy Alberts: Essa é uma boa pergunta. Eu gosto do ritmo. É diferente do meu ritmo, da minha apresentação, mas, é focada na dança. E a minha música é focada na dança. No final, eu gosto de ter um ritmo de coração [percussão marcada como uma pulsação]. E mesmo que o ritmo de coração com a música brasileira seja mais… mais bossa nova, mas para mim é o ritmo. E faz você querer dançar.
Portal TVBV: Como você classifica sua música?
Ziggy Alberts: Para ser simples, é música folk. E eu acho que, para ser específico, é provavelmente música folk do oceano. Porque há muitas músicas sobre o mar. Eu era um surfista antes de ser um músico. Eu estava no oceano antes das minhas lembranças, foi uma grande parte da minha vida. Então, para mim é o yin e yang: a música e o surf. Eles vão juntos. Eles são apenas a mesma moeda, digamos.
Portal TVBV: Podemos esperar uma nova parceria com outro artista brasileiro?
Ziggy Alberts: Eu acho que sim. Eu realmente espero que sim. E, enquanto estamos aqui, estou conhecendo tantas pessoas. Esse festival, eu acho, é uma grande oportunidade para mim. Se for um grande sucesso, eu espero poder fazer muitas colaborações e que eu também possa fazer uma viagem inteira para o Brasil no próximo ano. Não apenas uma parceria. Fazer muitas parcerias no Brasil seria o meu sonho.
Portal TVBV: Quais músicos brasileiros você conhece?
Ziggy Alberts: O que eu conheço mais é o Victor Kley, porque eu estava escutando ele na minha playlist antes mesmo da parceria. Mas há o Seu Jorge. Eu adoro suas coisas. Minha performance favorita dele é com o Damien Rice e eles fazem uma música juntos. Há uma música chamada The Blower’s Daughter [conhecida no filme Closer (2004) e regravada como “É isso aí”, por Seu Jorge e Ana Carolina] e Seu Jorge e Damien Rice fazem a apresentação juntos.
É uma cena linda, em que há árvores no palco e o Seu Jorge inspirou o meu palco. E eles tocam a mesma música. O Seu Jorge toca a música inteira em português e o Damien toca a música inteira em inglês. E essa é a minha performance favorita, isso foi a minha descoberta do Seu Jorge. Enquanto Damien está tocando, Seu Jorge está sentado ali perto dele no sofá. Ele acaba e Seu Jorge toca a próxima música. E aí é o mesmo: Damien está sentado ali e Seu Jorge está tocando, e todos estão cantando. É lindo.
Texto e fotos por Lucas Fantinatti