7 de setembro de 2024
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Cotidiano

Florianópolis está dois anos à frente nas metas para valorização de resíduos orgânicos

Florianópolis está dois anos adiantada em relação às metas nacionais do Plano Nacional de Resíduos Sólidos para valorização de resíduos orgânicos. Com a coleta seletiva de mais de 7 toneladas de restos de alimentos e resíduos verdes por ano, a Capital já desvia do aterro sanitário 13,54% do potencial de compostáveis, atendendo requisito da política nacional previsto para 2024.

A informação foi compartilhada pela coordenadora técnica do projeto “Ampliação e Fortalecimento da Valorização de Resíduos Orgânicos no município de Florianópolis” na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smma), Karina da Silva de Souza, durante evento sobre sustentabilidade na Grande Florianópolis.

A engenheira sanitarista e mestre em engenharia ambiental pela Ufsc e a gerente de Planejamento da Superintendência de Gestão de Resíduos da Smma, Daiana Bastezini, apresentaram os resultados e desdobramentos do projeto contratado pela Prefeitura de Florianópolis em 2018. Depois que a então Comcap venceu em segundo lugar o edital do Fundo Nacional de Meio Ambiente teve R$ 987 mil em recursos para educação ambiental e ativação de sistemas de compostagem viabilizados pelo acordo de cooperação financeira com o Fundo Socioambiental Caixa.

 

“O projeto foi a sementinha que impulsionou os sistemas de valorização de resíduos orgânicos que há hoje em Florianópolis. Com projetos como o Minhoca na Cabeça, de compostagem domiciliar, coleta com bombonas, coleta com caminhão satélite e coleta dos verdes de jardins. Ao longo de 2021 e de 2022, estamos recuperando quase 14% da fração orgânica dos resíduos gerados na cidade, evitando que sigam para o aterro sanitário”, apontou Karina.

Comunidade protagoniza

Os resultados da política pública de valorização de orgânicos são protagonizados pela comunidade em Florianópolis. No primeiro painel, foram apresentadas iniciativas como o Pacuca e Revolução dos Baldinhos, que receberam incentivos por meio de bolsas e equipamentos, depois Pacuca e Composta Aí que também passaram a receber pagamentos da Prefeitura de Florianópolis por serviços de compostagem. No segundo painel, as experiências do condomínio residencial Costa Sul, no Itacorubi, e loteamento Portal do Ribeirão, no Sul da Ilha de SC.

Cíntia Cruz, da Associação Revolução dos Baldinhos, lembrou que a comunidade do complexo Monte Cristo, que agrega 12 comunidades e 35 mil pessoas, abraçou o projeto de valorização de orgânicos há 14 anos. O Revolução já atendeu quatro comunidades, e atualmente opera em duas.

Márcia Regina Cardoso, vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos do Loteamento Portal do Ribeirão (Amapri), reconheceu os mesmos desafios compartilhados por Cíntia para implantação de pátio de compostagem num loteamento de médio padrão.

O pátio de compostagem será operado em parceria com MEI Destino Certo. A horta será autossutentável, mantida em parceria com o microeempreendor, mais 30% por trabalho voluntário e 50% em sistema de recompensa para os moradores. Quem cultivar, comprará os alimentos orgânicos com desconto de metade do valor.

Ciclo dos alimentos

Ataíde Silva, do Parque Cultural Campeche (Pacuca), que mantém o sistema de compostagem e horta comunitária, destacou a importância da compostagem para recuperação e uso dos cerca de 200 espaços públicos existentes em Floripa.

Gabriel Rosales, formado em Agronomia pela Ufsc, é empreendedor da Composta Aí, que mantém pátio de compostagem no Ecoponto da Smma no Morro das Pedras. Gabriel é mais um dos multiplicadores do método Ufsc criado pelo professor Rick Muller. Opera com compostagem desde 2018, no Pântano do Sul, mas de 2021 para cá, principalmente após o suporte do pagamento municipal por serviços de compostagem levou a produção de seis a nove toneladas para mais de 15 toneladas por mês.

Das 11 mil toneladas de restos de alimentos que processou desde 2019, 7 toneladas foram compostadas este ano no pátio do Morro das Pedras. Com o ganho de escala, Gabriel pretende atender mais clientes como restaurantes, escolas e supermercados. A entrega voluntária no Ecoponto da Smma, destaca, fornece matéria-prima de alta qualidade, praticamente sem mistura de rejeitos.

Foto: Freepik/Reprodução