“Vem logo 2023! A vontade de começar a governar SC é grande!”. A expressão é do governador eleito Jorginho Mello (PL), que, meio às festividades do Natal, buscou se descontrair. No registro fotográfico postado no Instagram dele, o olhar de um binóculo, de cima do Morro da Cruz, em Florianópolis. Uma sugestiva visão do Estado, de cima, exatamente da forma com que demonstra a vontade de assumir logo o trabalho de governar. “Vem logo 2023”, escreveu. Completou dizendo que não vai faltar trabalho e coragem para enfrentar os desafios do presente e visão de futuro para realizar tudo que desejamos! Desejou a todos uma semana iluminada. Penso, que também para ele. Jorginho ainda precisa tomar decisões importantes que podem balizar a esperada harmonia entre poderes, e principalmente a governabilidade. A segunda-feira (26) passou em branco sem nenhum anúncio relevante, num indicativo de que as decisões precisam ser melhor costuradas. No ar, apenas pitacos em meio ao corpo dos formadores de opinião, que podem consolidar o desejo dele ter alguém da sua preferência como presidente da Alesc, por exemplo.
Programação da posse
A única novidade da segunda-feira (26) veio de parte da assessoria de imprensa de Jorginho Mello que divulgou a programação para o dia da posse, que acontece domingo (1º de janeiro de 2023). A formalização começa com Ato Ecumênico, às16h30, na Catedral Metropolitana de Florianópolis. Mais tarde, às 18 horas, a esperada Sessão Solene de Posse do Governador e da Vice-Governadora, na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Sabe-se que a imprensa terá espaço e será atendida antes do início da solenidade, na Alesc. A assunção do governo e posse do secretariado acontecem às 20 horas, no Teatro Pedro Ivo, junto ao Centro Administrativo do Governo do Estado.
ACIC de Chapecó lança manifesto sobre insensatez dos políticos
Uma das poucas instituições do Estado a demonstrar coragem e preocupação com o futuro político envolvendo o País. Assim fez a Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) ao tornar público um manifesto, justamente nesse momento em que fortes e justificadas preocupações invadem a sociedade brasileira em razão de atitudes dos parlamentares federais, de um lado, e da nova Administração Federal que assume em 1º de janeiro, de outro. Segundo a nota, o Parlamento brasileiro parece um Poder totalmente divorciado da realidade nacional. A Câmara dos Deputados aprovou com uma rapidez escandalosa a mudança na Lei de Responsabilidade das Estatais para atender a um casuísmo do futuro governo. Reduziu de 1.080 dias para 30 dias a quarentena para que políticos que tenham participado da estruturação e realização de campanhas eleitorais possam ocupar cargos em empresas públicas. Trata-se de um grande retrocesso, patrocinado pelo presidente da Câmara Arthur Lira com apoio maciço dos deputados, incluindo quase 200 parlamentares que não se reelegeram.
Críticas à conduta do presidente eleito
O patrocinador dessa causa, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva passou toda a campanha eleitoral sem apresentar sequer um rascunho de plano de governo, limitando-se a ideias vagas sobre combate à pobreza e à desigualdade social. Ao mesmo tempo, fez mistério sobre as diretrizes da futura política econômica. Agora sabe-se o motivo: o futuro governo quer repetir erros do passado, ampliar o tamanho do Estado brasileiro, acabar com privatizações, criar mais empresas estatais, aumentar impostos, tributar ainda mais o setor produtivo e retomar os (fracassados) programas de subsídios do BNDES para setores alinhados.
O manifesto é abrangente
Reitera, que as práticas do passado, retornam com os nomes anunciados para o Ministério da Fazenda e para o BNDES justificam todos os temores, entre eles, a volta dos bilionários financiamentos externos aos amigos do Rei (Cuba, Venezuela, Bolívia etc.) que tantos prejuízos causaram aos cofres públicos da União, bem como de velhas práticas fisiológicas. Além disso, defender o fim das privatizações é ignorar as condicionantes da economia mundial e nacional, pois é impossível a um país carente de capitais alavancar investimentos em infraestrutura sem a participação do setor privado. O anúncio do desrespeito ao teto de gastos e a falta de uma definição de outra âncora fiscal, aliadas a PEC da transição, que autoriza despesas de quase 200 bilhões de reais fora do teto, constituem uma sinalização negativa: o controle das contas públicas não será prioridade. A longa carta finaliza dizendo o quanto é decepcionante para o cidadão e contribuinte catarinense, após uma grande jornada eleitoral, verificar o descarado desprezo por regras institucionais de parlamentares e dos novos governantes, cujas ações e decisões estão orientadas apenas por interesses pessoais e partidários. O Brasil não suportará uma nova era de temerária gestão da economia.