7 de setembro de 2024
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Educação Policial

Homem entra armado e furta escola na Grande Florianópolis; mães organizam manifestação

Com muro baixo e sem vigilância noturna, escola acumula histórico de invasões e roubos;
na última segunda-feira (26), um machado foi encontrado no gramado da escola

Vivendo dias de tensão e medo, mães e pais dos alunos da escola estadual Cristo Rei, no município de São José, organizam uma manifestação em frente ao colégio às 7h desta sexta-feira (30). A situação de insegurança se instaurou depois que diversos objetos das instalações foram roubados por um homem que invadiu a escola com uma faca durante a noite do último domingo (25), conforme mostram filmagens das câmeras de monitoramento. No dia seguinte, segunda-feira (26), a invasão se repetiu.

Relatos de mães e uma professora indicam que a escola já havia sido roubada anteriormente, mas, nos furtos mais recentes o homem levou fios de eletricidade, deixando o prédio dos alunos do 6º ao 9º ano sem luz e, consequentemente, sem aulas, desde a última segunda-feira (26). Além dos objetos furtados, que incluem materiais de limpeza, torneiras e uma máquina de lavagem por pressão de água à jato, o homem depredou janelas, portas e livros.

Mãe de um aluno de nove anos, Liane* está apavorada desde que um machado foi encontrado nas dependências da escola por Mirna**, mãe de outro aluno, colega de seu filho. “Por enquanto é furto, mas gente não sabe o tamanho da psicopatia desse indivíduo. A gente tem medo de mais violência”, declara. “O meu filho não quer ir à escola. Ele está com medo de que aconteça com ele o que aconteceu com as outras crianças naquela creche [Bom Pastor, em Blumenau]”, desabafa Liane*.

 

Na segunda-feira (26), Mirna**, junto a uma outra mãe, observava o horário de entrada dos alunos quando avistou um objeto no gramado interno da escola. “Olhamos pro matinho perto do banheiro dos meninos e o machadinho estava jogado”, afirma. A escola conta com um porteiro, mas seu expediente começa a partir das 8h. Quando Mirna** encontrou o machado, era ainda mais cedo e o funcionário não havia chegado.

De noite não tem ninguém. A escola é abandonada. Só existe um vigilante de dia. A gente chega ali com as crianças antes das 8, ele nem chegou. Quem recebe as crianças é uma professora. Então, se esse cara quiser fazer maldade com as crianças, ele pode ficar muito bem escondido na escola à noite, faz a barbaridade que ele quer e espera as crianças chegarem — alerta Liane*, mãe de um aluno da escola.

Então, por isso que a gente está apavorado de ser surpreendido com uma tragédia. E se esse indivíduo fica ali de manhã escondido? — indaga Liane*.

De acordo com uma professora que optou por não se identificar, os roubos à escola acontecem de forma constante. “Ano passado aconteceu umas quatro vezes, esse ano já aconteceu assim dois dias seguidos. Nós temos um muro baixo, cerca de 1,20m, então a sensação de insegurança é muito grande. Uma pessoa dessa que invadiu para roubar pode muito bem pular o muro, invadir e matar alguém aqui dentro, então está todo mundo com muito medo”, revela.

A professora conta ainda que por diversas vezes a escola comunicou a Secretaria de Educação, mas não obteve resposta imediata. “As famílias nos cobram, querem uma posição e a escola fica de mãos atadas, porque, quando a escola pede, a resposta do Poder é sempre a mesma: ‘Aguarde!'”, reclama.

“É feito o boletim de ocorrência, nós chamamos a polícia aqui na escola e eles respondem que estão acompanhando o caso, mas nada pode ser feito. Então, nós ficamos à mercê da próxima situação que ocorre”, relata a professora da escola estadual Cristo Rei.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (SED) informou que a escola conta com vigilância eletrônica e que pretende ampliar o horário de vigilância humana, de oito para 24 horas. Contudo, a SED não indicou quando a medida será tomada e se haverá contratação de mais de um vigilante por turno para todo o perímetro do local. A respeito das depredações às instalações do colégio, a secretaria afirmou também que “a equipe de engenharia da SED já fez a avaliação dos danos e emitiu ordem de serviço para os reparos”.

Com relação à segurança, a delegacia de Polícia de São José de Barreiros declarou que foi instaurado “inquérito policial para investigar o caso e foi agendada uma reunião para semana que vem entre a Polícia Civil e a escola para tratar dessa questão da segurança”. No entanto ainda não há local ou data para a reunião. “Estamos tomando as providências para garantir a segurança dos estudantes”, finaliza o comunicado da polícia.

Rondas familiares

Enquanto o suspeito não é detido, Liane* declara que os pais dos alunos da escola procuram passar de carro pelo local à noite em uma tentativa de localizar o homem e assim chamar a polícia.

“Nós também estamos fazendo uma ronda ostensiva. A gente passa ali de noite, de carro, pra ver se não tem algum suspeito, alguma coisa assim, em direção à escola, pra a gente poder ligar para a Polícia Militar e pedir ajuda. Na verdade, não tem muito o que fazer, a gente depende do Estado. Jamais a gente vai abordar esse indivíduo. Porque a gente tá de mãos atadas. A gente simplesmente vai chamar a polícia militar”, afirma.

Fotos: Divulgação
*: nome fictício para preservar a identidade da fonte
**: nome fictício para preservar a identidade da fonte