Foto: Ricardo Trida / Secom
Metodologia está em desenvolvimento na cidade desde outubro com apoio da Fiocruz e Ministério da Saúde
Santa Catarina conta agora com um grande reforço no combate à dengue. Foi entregue nessa segunda-feira (1°) a Biofábrica do Método Wolbachia em Joinville, no Litoral Norte do estado. A estrutura será utilizada na introdução da bactéria Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti, que impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dos insetos.
O desenvolvimento dessa tecnologia é fruto de uma ação conjunta entre a Prefeitura de Joinville, Fiocruz, World Mosquito Program (WMP), Governo de Santa Catarina e Ministério da Saúde. Em outubro de 2023, o município foi selecionado pelo Ministério da Saúde, em conjunto com outros cinco municípios, por características epidemiológicas, para implementação desta nova metodologia.
A biofábrica fica localizada no bairro Nova Brasília, na antiga Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) do bairro, que passou por melhorias para abrigar o ambiente onde serão produzidos os Wolbitos: os mosquitos que irão ajudar a combater às arboviroses na cidade.
O espaço recebeu investimentos de aproximadamente R$ 335 mil em manutenção e adequação do prédio, além de climatização e mobiliário. A biofábrica também começou a receber equipamentos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que serão instalados nas próximas semanas. Ainda neste mês, as equipes que vão atuar no espaço receberão treinamento e a expectativa é de iniciar a soltura dos primeiros mosquitos Wolbitos ainda no mês de julho.
“Iniciamos as tratativas para implantação desse método ainda em 2021. O método Wolbachia trouxe excelentes resultados dentro e fora do Brasil e temos certeza de que será um grande aliado de Joinville na luta contra a dengue”, afirma o prefeito de Joinville, Adriano Silva.
“Até hoje, essas biofábricas locais que a gente vem trabalhando eram estruturas bastante simples, uma produção bastante artesanal. Hoje, a gente vai começar aqui em Joinville, esse mês ainda, com equipamentos bastante modernos, automatizados para melhorar a eficiência da produção desses mosquitos. Os equipamentos vêm de Singapura e da China, foram financiados pelo Ministério da Saúde e vão proporcionar uma melhor eficiência de produção, para que a gente possa liberar os Wolbitos aqui em Joinville”, afirma Luciano Andrade Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil.
Estrutura e funcionamento da Biofábrica
A estratégia do método consiste na introdução da Wolbachia nos Aedes aegypti. Esta bactéria está presente em 60% dos insetos da natureza e não causa danos aos humanos Para isso, o processo na biofábrica começa na sala de “Preparação”. É neste espaço que os ovos de Wolbitos serão eclodidos em um equipamento automatizado.
As larvas são transferidas para um segundo equipamento para serem contadas e divididas em grupos de 7 mil. Elas então vão para a “Sala de Larvas”, onde há bacias com água e receberão alimento para desenvolvimento por até sete dias.
Quando se tornam pupas, estágio entre larvas e mosquitos adultos, voltam para um equipamento automatizado para sexagem e então são separadas em grupos menores, com 250 machos e fêmeas. As pupas vão para a “Sala de Tubos” e eclodem em até 48 horas, quando se tornam mosquitos Wolbitos e estão prontos para a soltura.
“Nós estamos prevendo a liberação dos primeiros mosquitos ainda no período de inverno. E isso é muito bom porque a população natural do mosquito está diminuída. Então a probabilidade dos nossos mosquitos colonizarem o ambiente é maior”, explica Marco Aurélio Krieger, presidente em exercício da Fiocruz.
“Importante colocar que não houve nenhuma modificação genética nesse mosquito. É só uma associação da bactéria benéfica com o mosquito e as pessoas não precisam ter medo. Ela não tem efeito nocivo nenhum para a saúde das pessoas, nem do meio ambiente”, conclui Luciano Andrade Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil.