26 de novembro de 2024
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Cotidiano

Morre no Rio de Janeiro, a jornalista Glória Maria, aos 73 anos

A jornalista carioca Glória Maria, morreu, aos 73 anos, na manhã desta quinta-feira (2), em um Hospital do Rio de Janeiro. Ela estava estava fazendo um tratamento contra um câncer no pulmão, mas não há informações sobre as causas do óbito. Ela deixa duas filhas, Maria, de 15 anos, e Laura, de 14.

“É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”, informou a TV Globo, em nota. A jornalista estava na emissora desde 1971, e foi a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional. Glória Maria teve grandes momentos na telinha, e também apresentou o Fantástico, de 1998 a 2007. Seu atual trabalho era na equipe do Globo Repórter, onde estava escalada desde 2010.

Após o diagnóstico de câncer, Glória Maria estava realizando um tratamento com imunoterapia, onde teve sucesso, porém, ela sofreu metástase no cérebro, que também pôde, inicialmente, ser tratada com êxito por meio de cirurgia, mas os novos tratamentos não avançaram.

Leia a nota da Globo completa:

“A jornalista Gloria Maria morreu esta manhã. Em 2019, Gloria foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente,

 

Inicialmente também com êxito. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias. Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais. Glória deixa duas filhas, Laura e Maria”.

Pioneira

Glória Maria ficou muito conhecida pelas grandes reportagens e viagens para lugares exóticos. Ela fez história na televisão ao fazer a primeira transmissão em HD da TV brasileira.

Vida e carreira

Glória Maria Matta da Silva, era filha de Edna Alves Matta e Cosme Braga da Silva. Ela nasceu no bairro Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Formada em jornalismo pela PUC-RJ, na década de 1960 ela conseguiu seu primeiro emprego quando foi se apresentar no programa do Chacrinha, na TV Globo, com um bloco carnavalesco. “Aprendi inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola”, lembrou, ao Memória Globo.

A estreia como repórter foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”. Glória também trabalhou no Jornal Hoje e no Jornal Nacional, sendo a primeira repórter a aparecer ao vivo. A jornalista chegou a cobrir a posse de Jimmy Carter em Washington e entrevistar chefes de estado durante o período militar.

“Foi quando ele [João Figueiredo] fez aquele discurso ‘eu prendo e arrebento’ – para defender a abertura [1979]. Na hora, o filme [para fazer a gravação da entrevista] acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o Jornal Nacional, será que o senhor poderia repetir?’. ‘Problema seu, eu não vou repetir’, disse Figueiredo. O ex-presidente dizia para a segurança: ‘Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim’”, relembrou.

Sucesso no Fantástico

Em 1986, Glória passou a fazer parte da equipe do Fantástico, programa em que fez história. Ela foi apresentadora de 1998 a 2007, onde colecionou viagens pelo mundo, entrevistas inéditas e histórias únicas. Ela chegou a entrevistar celebridades como Michael Jackson, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna.

Glória também cobriu a guerra das Malvinas em 1982, a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista em 1996, os Jogos Olímpicos de Atlanta também em 1996 e a Copa do Mundo na França em 1998. Ela revelou certa vez em uma entrevista que já perdeu a conta, mas já esteve em “mais ou menos” 160 países. De acordo com ela, alguns dos lugares que visitou nem existem mais, como os países da ex-Iugoslávia e algumas cidades da Síria.

Ela tinha o sonho de ir à Lua e estava inscrita na Nasa para fazer a viagem. Durante as reportagens, Glória Maria escalou montanhas, fez travessias entre balões no ar e saltou do maior bungee jump do mundo. Além disso, chegou a embarcar no trem do bruxo mais famoso do mundo: Harry Potter. Uma das suas viagens famosas que ficou marcada na história da Tv e da Internet, foi para a Jamaica, onde teve uma experiência em uma comunidade rastafári muito reclusa, e participou do “ritual da ganja”.

Maternidade

Após 10 anos no Fantástico, Glória Maria tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria de um ano e seis meses e Laura de seis meses. Assim como sua vida profissional, a maternidade foi cheia de emoções e desafios para ela.

A jornalista já chegou a comentar que “não sabia explicar” o que a levou a querer ser mãe, depois de uma vida inteira longe da ideia. Ela criava Maria e Laura sozinha, mas disse já ter tudo “encaminhado” para as duas caso não pudesse mais cuidar delas. Na entrevista no Alta Horas, ela revelou que conseguiu amamentar uma de suas filhas.

“Eu acho que a primeira vez que eu ouvi cada uma delas me chamar de mãe, primeiro a Maria, um dia ela olhou pra mim e ‘mamã’ foi a primeira palavra que ela disse e depois a Laura. O primeiro dia que eu ouvi, meu coração parou de bater. O outro momento inesquecível foi… a Maria muito pequenininha e ela tentava sempre mamar e eu dava o peito para ela e claro não tinha leite, mas ela de todo dia fazer, um dia saiu leite. E  ela disse, ‘mamãe leite, leite!’.  Eu não entendi e falei com a pediatra dela e com a minha ginecologista e elas explicaram que existem casos que por causa dos hormônios isso pode acontecer. Quando a criança solicita muito isso pode acontecer e aconteceu comigo e acho que foi o momento mais bonito da minha vida”, contou Glória.

Foto: Instagram/Reprodução