Instituição passará a ser denominada “Museu dos Povos Indígenas”
No dia 19 de abril de 2023, o Museu do Índio (MI) comemora 70 anos de sua criação. O órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) foi idealizado por Darcy Ribeiro que, em 1955, afirmou ter fundado o local com o objetivo de ser “o primeiro museu do mundo criado, especificamente, para combater o preconceito”.
Para comemorar os 70 anos, o Museu lançará uma série de exposições virtuais na página da instituição na plataforma Google Arts & Culture. A primeira delas vai ao ar na programação da 21ª Semana Nacional de Museus, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus, que neste ano acontece entre os dias 15 e 21 de maio.
Intitulada “Hetohokỹ – a festa da Casa Grande do povo Iny”, a exposição narra o ritual do povo Karajá que marca a passagem dos meninos ariranha (jyrè) para o círculo de convivência dos homens adultos.
Outra perspectiva de mudança será no nome da instituição, que, em breve, deixará de se chamar Museu do Índio e passará a ser denominada “Museu dos Povos Indígenas”, assim como ocorreu com a Fundação Nacional do Índio que, em 1º de janeiro deste ano, passou a se chamar Fundação Nacional dos Povos Indígenas.
História
Inicialmente instalado em um prédio localizado na rua Mata Machado, no bairro Maracanã, no Rio de Janeiro, o MI foi transferido, em 1978, para o casarão no bairro Botafogo, onde está localizado até hoje. A criação do MI foi um processo gestado dentro do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), que mais tarde se tornaria a Funai, a partir da necessidade de se empreender estudos locais sobre os povos indígenas para a implementação de políticas públicas.
O objetivo da criação do MI foi não somente apresentar e comunicar as realidades dos Povos Indígenas brasileiros e de suas produções de cultura material, mas desfazer os estigmas que permeiam o imaginário popular a respeito desses povos.
Com o passar dos anos, o objetivo inicial do órgão se tornou a sua missão e acompanhou a história da instituição, mudando o discurso político e social de como enxergar e retratar os povos indígenas dentro dos museus.
O MI também desempenhou papel primordial no desenvolvimento da Antropologia e da Museologia no Brasil e no trato da política indigenista nacional, constituindo-se como o primeiro museu de caráter inteiramente etnográfico do país, criado e mantido nos órgãos indigenistas oficiais do Estado brasileiro.
Embora inspirado nos modelos de museus franceses, como o Museu do Homem, de Paris, as abordagens do MI reservam particularidades e diferenças tanto em relação à forma como os povos indígenas eram representados, quanto em termos de metodologia científica, produzindo algumas inovações. Enquanto o objetivo desses museus, construídos como locais de produção de conhecimento científico, seria o de criar suas coleções etnográficas em uma lógica classificatória e até certo momento evolucionista, o MI surge dentro da estrutura do órgão indigenista do Estado brasileiro tendo como missão não apenas o colecionismo, mas, sobretudo, combater preconceitos.
Esse entendimento moderno de museu, aberto ao público, com um trabalho museológico e museal profissional, seria concretizado pela articulação e esforço do antropólogo Darcy Ribeiro, que viria a ser o primeiro diretor do MI e o responsável por construir a linguagem expositiva de museu etnográfico que define a trajetória do órgão.
Fonte e imagem: Funai