A frustração, ainda que inconsciente, com o trabalho é uma fonte que gera a gastos excessivos e impede as pessoas de construírem patrimônio, prendendo-as na “corrida dos ratos”. Você precisa compreender o que estás por trás de tudo isso para conseguir mudar.
Não é incomum recebermos relatos de pessoas que possuem uma excelente renda, mas não conseguem formar nenhum tipo de patrimônio. Aqui, quando falo uma excelente renda, estou falando em algumas dezenas de milhares de reais por mês, não é pouca coisa.
Passam uma vida pagando contas e boletos, não conseguem comprar um imóvel para moradia e não juntam patrimônio para a aposentadoria. Essas pessoas descobrem que um amigo trabalha com finanças e dispara “nossa, preciso começar a investir, dar um jeito em minhas contas”, mas nunca começam.
Por sua vez, não é incomum observarmos pessoas com remunerações menores e que conseguem formar patrimônio e até construir uma renda complementar para a aposentadoria.
O que está por trás disso? Seria só falta de educação financeira ou só falta de planejamento financeiro? Ou teria algo a mais?
Essa situação normalmente ocorre por gastos excessivos e com coisas desnecessárias, ou menos importante. Sim, falta educação e planejamento financeiro, mas costuma ser muito mais que isso. Não é incomum que essas situações decorram de uma frustração com a sua vida profissional.
Calma, antes de você largar este artigo, não estou lhe chamando de frustrando, não faço educação financeira por tratamento de choque. Apesar disso, é importante entendermos que algumas pessoas não são plenas em seu trabalho e quando recebem o salário acabam tendo pensamentos do tipo “trabalhei tanto, então …” e aí seguem com seus merecimentos: “eu mereço esta bolsa”, “eu mereço este carro”, “eu mereço este vinho” e assim por diante.
Sim, merece, não tenho dúvida, mas será que não mereceria poder trocar de emprego? Ou poder trabalhar menos? Atender menor clientes? Fazer menos plantões?
É necessário entender que para cada bem de consumo que você “mereceu”, mais preso ao que chamamos de “corrida do rato” você ficará. O que é a “corrida do rato”? É você ficar preso a uma roda de trabalhar e pagar conta, trabalhar e pagar conta, igual um ratinho correndo em sua rodinha. Quanto mais contas você fizer, mas você precisará trabalhar. Quanto menos investimentos na geração de renda passiva você fizer, mais você terá que trabalhar. Quanto mais você trabalhar por obrigação para pagar as contas, mais frustrado com o seu trabalho você estará e, consequentemente, mais “merecimentos” você terá, retroalimentando um sistema pessoal que vai te impedir de construir patrimônio.
E o que fazer para mudar isso?
Simples, você precisa conscientizar-se do problema e de o que você merece é mudar a sua forma de trabalhar, seja mudando de emprego, seja reduzindo o ritmo. Mas para fazer isso é necessário começar a comprar renda passiva e não mais comprar bens que te trazem alegria apenas no momento da compra e nada mais.
Quando você começar a comprar renda passiva, ou seja, investir adequadamente os seus recursos, você vai começar a ficar menos dependente da renda do seu trabalho e passará a ter a opção do que fazer no futuro. Não, você não vai parar de gastar, apenas vai ter gastos mais consciente e não estimulados por este “eu mereço”, que nada mais é do que uma descarga sentimental de algo em sua vida que pode não estar funcionando bem.
É comum conhecermos pessoas que tomam consciência desse processo, iniciam a construção da renda passiva e chegam em um ponto de não depender mais do salário do seu emprego. Neste momento, tão sonhado e que possivelmente largaria o emprego, o inesperado acontece, passam a ter mais satisfação no trabalho, uma vez que agora não trabalham mais por obrigação, mas por opção.
Assim, na próxima vez que você tiver um pensamento consumista do tipo “eu mereço”, pense bem, você merece aquele bem que vai te trazer felicidade rápida e passageira, ou você merece fazer algo que vai mudar o que tem trazido um certo nível de frustração para você?
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