Vítimas tinham entre 16 e 24 anos e passavam a virada em Balneário Camboriú
A Polícia Cientifica de Santa Catarina detalhou na manhã desta sexta-feira (12), em coletiva de imprensa, os resultados da perícia realizada para elucidar o caso dos quatro jovens que morreram após sofrer uma parada cardiorrespiratória dentro de uma BMW estaciona da na Rodoviária de Balneário Camboriú no 1º de janeiro.
Confira abaixo os principais resultados dados pela Polícia Científica:
Verificação inicial
Equipe de perícia da Polícia Científica chegou ao local do acidente na Rodoviária de Balneário Camboriú às 8h50. No local, os agentes encontraram as quatro vítimas já fora do carro, deitadas no chão e já atendidas pela equipe do SAMU. Os quatro jovens, já mortos, não apresentavam sinais de violência externa.
A vistoria no carro não encontrou indícios de álcool ou drogas dentro do veículo. Os vidros e as portas foram encontrados fechados. O motor foi ligado, e verificou-se que o ar-condicionado estava ligado em 27ºC e com a recirculação de ar ligada. Na verificação inicial, também foram encontradas modificações no carro, o que resultou na apreensão para perícia.
Exames de necropsia
Os corpos das vítimas chegaram para necropsia às 10h40. Foram identificados sinais de asfixia, indício que foi reforçado por manchas de decomposição mais avermelhadas do que o normal e espuma nas vias orais. Exames não encontraram nenhum sinal de consumo de entorpecentes. Neste momento, levantou-se a principal hipótese de morte por intoxicação por monóxido de carbono.
Os exames também revelaram que os níveis de saturação de monóxido de carbono no organismo das vítimas acima de 50%. Esse é um gás sem gosto ou cheiro e menos denso do que o oxigênio, o que dificulta sua percepção no ar. Quando inalado, o monóxido de carbono é entregue aos tecidos do corpo no lugar do oxigênio. Segundo os peritos, um volume de saturação de 40% já é suficiente para levar uma pessoa a óbito.
A perícia confirmou a causa da morte dos quatro jovens como causada por asfixia por monóxido de carbono.
Modificações na BMW
A perícia no veículo identificou que as principais medicações foram realizadas no sistema de escapamento por onde saem os gases resultantes da queima de combustível do carro.
O catalisador do sistema de escapamento, que filtra os gases para que os resíduos saiam menos poluentes, havia sido substituído por um downpipe, uma tubulação menor e com passagem livre das emissões. A remoção do catalisador não é permitida na legislação. Além disso, um chip de potência havia sido instalado junto ao motor.
Essas modificações são feitas com a finalidade de gerar maior ruído do escapamento e um ar esportivo à BMW. Um documento com gráficos de medições de potência das modificações foi encontrado no porta-luvas do carro.
A verificação identificou que o downpipe instalado estava rompido, e parte dessa tubulação estava separada ao meio, além de uma solda frágil que dificultava a estabilização da peça. Este rompimento ficava localizado muito próximo à grade de captação do ar-condicionado do veículo.
Medições do teor do monóxido de carbono identificaram um volume intenso do gás, chegando a 1000 ppm (partes por milhão). Entretanto, os peritos afirmaram que esta é a medição máxima alcançada pelo aparelho, o que pode significar que os volumes do gás eram ainda maiores.
Na medição em um veículo sem modificações, a medição na saída do escapamento chegou a apenas 30 ppm.
No interior do carro, após 16 minutos com o ar-condicionado ligado e sem recirculação de ar, a medição também alcançou 1000 ppm. Já sem a recirculação ligada, após 35 minutos, a medição chegou a 850 ppm. Com o ar-condicionado desligado, a medição resultou em 0 ppm.
A perícia confirmou um vazamento de grande quantidade de monóxido de carbono, que foi sugado pelo ar-condicionado e resultou na asfixia dos quatro ocupantes do veículo.
Relembre o caso
Quatro jovens entre 16 e 24 anos foram encontrados em parada cardiorrespiratória dentro de uma BMW estacionada junto à rodoviária de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, na manhã de segunda-feira (1º), após as festas de réveillon.
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), os três homens e uma mulher foram avaliadas pela equipe médica do SAMU no local. Elas foram retiradas do carro e receberam procedimentos de reanimação.
Após 40 minutos de PCR e atendimento pré-hospitalar avançado, mas sem nenhuma resposta, a equipe do SAMU decretou óbito das vítimas. A Policia Militar, Guarda Municipal, Policia Civil e o Policia Cientifica foram acionadas para dar continuidade dos tramites de investigação e perícia.
Fotos: Reprodução/YouTube